19 de março de 2020 4:20 por Marcos Berillo
Claudevan Melo*
Luiz Saraiva dos Santos nasceu em Belo Monte, sertão alagoano, no dia 8 de março de 1929. Uma característica singular é que todos os membros da sua família eram músicos. O seu pai, Inocêncio Saraiva, era violonista. Os irmãos, Adolfo foi maestro; Paulo tocava clarineta e violão; Elpídio era ritmista; e sua irmã Maria era concertista de piano. Portanto, “Quem sai aos seus não se degenera”, afirma o dito popular.
Saraiva, ainda na infância, migrou com a sua família para São Paulo. Serviu ao Exército e foi trabalhar na Companhia Docas de Santos como caldeireiro, mas, nas horas de folga, lá estava ele dedilhando as brilhantes chaves do seu Sax-Soprano pelas redondezas do cais e nas casas noturnas até que, um dia, se apresenta ao programa da Rádio PRB 4, Rádio Clube de Santos. O diretor Arnaldo Dias fica encantado com exímio músico e o contrata.
A vida de Luiz Saraiva muda radicalmente quando deixa de trabalhar como caldeireiro da Companhia Docas de Santos e passa a viver como músico profissional em uma importante rádio paulista. Outra atividade exercida foi a de proprietário de uma casa de shows na cidade de Santos, a “Recanto do Saraiva”, espaço que marcou época na cidade, estando sempre lotada por admiradores e visitantes, locais e de outras regiões do país.
Excursionou por todo Brasil, sempre voltando a Santos, seu 2º berço. Uma vez, confessou que nunca havia esquecido Belo Monte, em especial, as pescarias no Rio São Francisco, ao rio ele dedicou várias composições.
A cidade de Santos é uma referência em sua vida artística, um detalhe significativo é que noventa por cento das fotos das capas de seus LPs retratam a natureza da cidade. A sua obra discográfica é composta de mais de 30 LPs. Fica a minha observação: numa época em que gravar não era fácil, as gravadoras disputaram Saraiva. Uma particularidade: como compositor assinava Luiz dos Santos e, em alguns LPs, Luiz Saraiva.
Dono de uma personalidade marcante no seu modo de solar o Sax foi comparado ao grande instrumentista brasileiro, o sergipano Luiz Americano. que apareceu no cenário musical muitos anos antes de Saraiva se tornar um nome nacional.
A sua longa carreira profissional gravou samba, choro, bolero entre outros gêneros pelas gravadoras: Continental, Copacabana, Beverly e Tropicana, AMC, Phonodisc e a CBS. Mais uma vez como diz o dito popular: “Não se gasta vela com defunto ruim”, essas são as razões que este músico nos deixou para que não o esqueçamos.
*É pesquisador e colecionador.