2 de abril de 2020 10:27 por Marcos Berillo
Funcionários do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal) correm contra o tempo para desocupar a sede da instituição até esta sexta-feira, 3. Eles interromperam o trabalho em home office depois que, de acordo com o sindicato, foram pressionados por representantes da Braskem a se mudarem às pressas.
O Sinteal fica no bairro do Mutange, uma das regiões atingidas pelo afundamento do solo, supostamente causado pela exploração de minas de sal-gema pela empresa multinacional, e que se agravou nos últimos dias.
“A medida surpreendeu a diretoria e funcionários, que em meio à quarentena para prevenir a Covid-19, precisaram organizar uma força-tarefa às pressas para retirar todos os móveis e pertences da instituição, em pouquíssimos dias”, relata a assessoria da entidade.
A presidente do Sinteal, Consuelo Correia, manifestou indignação com o tratamento que todas as vítimas estão recebendo. “É desumano o jeito com que todos nós estamos sendo escorraçados do nosso próprio teto. Da nossa sede histórica onde investimos o dinheiro da nossa categoria, onde construímos ao longo de décadas a história da luta da classe trabalhadora em Alagoas. Tudo isso sendo apagado”.
Para fazer a mudança imediata, um novo local foi alugado pelo sindicato, mas a Prefeitura de Maceió não autorizou ainda a reforma, inviabilizando a mudança.
“Na hora de assinar o termo, planejamos com um prazo para reformar o local e deixar em condições de funcionar a nossa sede, até a construção de um novo prédio definitivo, mas já se passaram mais de 30 dias e não pudemos sequer começar. Agora nos expulsaram e estamos na rua. É contraditório que a Prefeitura de Maceió tenha pressa para que desocupemos o bairro, mas nem uma autorização para reforma no novo local, concederam”, explicou ela.
De acordo coma assessoria do sindicato, o clima entre os funcionários e dirigentes sindicais é de frustração. Todos usam máscaras, luvas e álcool em gel, tomados pelo medo de contaminação de uma pandemia mundial.
“Nossa história de luta continuará sendo construída, ela está em cada trabalhador e trabalhadora da educação desse Estado. Mas um pedaço do que somos fica enterrado aqui, junto com o bairro que nos acolheu e longe dessa comunidade tão importante para nós, que agora também não estará mais por perto. Assembleias, reuniões, formações, plenárias, congressos, festas, foram tantos momentos vividos aqui… muitos momentos da história da classe trabalhadora no nosso estado nasceram aqui. Estamos tomados pela emoção da perda, mas firmes do propósito de reconstruir um patrimônio à altura dessa categoria tão aguerrida”, encerrou Consuelo.