10 de julho de 2020 8:19 por Redação
Nestas épocas de pandemia e de governo fascista na presidência da República, tenho me valido de algumas ocupações, uma delas é a pesquisa sobre o nosso futebol alagoano e suas vicissitudes, preocupações com o futuro e muitas outras mazelas que suscitam lendas que não têm fim.
Pesquisando na melhor revista esportiva de minha geração, a Placar, vemos ao longo da história fatos interessantes, como as maravilhosas rendas e públicos na Taça de Ouro, a 1ª divisão da década de 1980, do nosso Campeonato Brasileiro de clubes.
Um jogo que movimentou a nossa cidade foi CRB x Flamengo, no dia 15 de fevereiro de 1981. Naquela época, há 39 anos, havia ainda um sentimento muito forte em nossa Alagoas, como na maior parte do Nordeste, de torcermos preferencialmente por dois times, um da casa, outro do Rio de Janeiro ou São Paulo.
Preferencialmente aqui no Nordeste, a maioria mesmo preferia os do Rio de Janeiro, principalmente pela penetração das rádios Roquete Pinto e depois da Rádio Nacional, isso nas décadas de 1930/40. Depois, veio a Revista dos Esportes, também apareceu a Rádio Globo e seus 200kw de potência fazendo a cabeça de todo mundo.
Por isso que o Flamengo é tão popular por aqui, como também é em Santa Catarina, no Sul, paradoxo de um Brasil imenso e de Ary Barroso com sua gaitinha e Jorge Cury endoidando a massa com suas narrações delirantes a favor do Mengo!
Mas, voltando ao espetáculo do dia 15 de fevereiro, eu mesmo vim assistir, na época morava ainda em Arapiraca, os dois meus times do coração, não tenham dúvidas, vim embora, no sábado mesmo!
Ainda deu tempo de assistir no sábado CSA 3 x 2 América de Natal, sábado à noite, com meu irmão Fernando, azulino apaixonado!
Um domingo de sol, quando vinha para Maceió ficávamos na casa de minha avó materna, no Prado, na Rua Miguel Omena, ou como era conhecida pelo povão, Rua do Sopapo, pertinho da Praça da Faculdade e a alguns metros da praia da Avenida e Sobral.
Perto também ficava o Lux Hotel, aonde funciona hoje o TRT, melhor hotel de Maceió, ali estava a delegação do Flamengo, não tenhamos dúvidas disso, uma multidão ali na porta para ver os craques do Mengo, entre eles a maior sensação daquele dia, o Peu, ex-CSA, que vinha fazendo história no Mengo, com a revista Placar em vários exemplares dedicar páginas ao garoto saído das bases azulinas e agora era destaque no Flamengo.
Bom lembrarmos que Zico e Junior estavam servindo à Seleção nas Eliminatórias da Copa da Espanha/82, eles não vieram neste jogo enfrentar o CRB.
O jogo foi emocionante o tempo inteiro, as cores vivas ainda estão comigo, tenho uma boa memória, assisti ao jogo do lado da torcida do Flamengo, mas confesso que vibrei mais com os gols do CRB, no íntimo queria um empate! Por falar em torcida, o estádio era ligeiramente favorável à torcida do CRB, algo em torno de 60% a 40% para o lado vermelho das Alagoas.
Lembro que a Rádio Gazeta, apesar de ter equipe esportiva local, preferiu retransmitir o sinal da Rádio Globo, com a narração de Waldir Amaral, que no segundo gol do Flamengo, gol do Peu, aliás, um golaço encobrindo César, chamou o Peu de “Peulé”!
Outro dado interessante deste jogo e observado por Waldir Amaral foi com relação ao público, mais de 28 mil expectadores e ele questiona no ato da divulgação da renda e público, “como colocar mais 15 ou 17 mil pessoas aqui no Rei Pelé”? Sim, em 1976 teve uma Comissão de alto nível para saber quantos cabiam no “Trapichão”, auferindo esta comissão na casa dos 45 mil lugares.
Outra coisa que me chamou a atenção, foi ver os dois lados da ferradura com as tais charangas do Galo, era um festival de buzinas, bandeiras e bandeirolas. Aliás, qualquer pessoa naquela época podia levar sua bandeira, hoje você não entra com bandeira com mastro, mas naquela época sim.
Quem se destacou pelo CRB naquela partida foi o lateral-direito Paulinho, foi um dos melhores em campo, por lá saíram as melhores jogadas do Galo. O jogo, para sermos bem coerente, era para ser empate, mas quem tinha Nunes em forma, não dava para facilitar, ele livre dá uma raquetada para o gol e finaliza o terceiro gol desempatando a partida. Final: 3 x 2 Flamengo.
Eis a ficha técnica desta partida:
15/fevereiro/1981
CRB 2 X 3 FLAMENGO(RJ)
Local: Rei Pelé (Maceió)
Juiz: Manuel Amaro(PE)
Renda: Cr$ 3.297.500,00
Público: 28.473
Gols: Nunes 40s, Joãozinho Paulista 10 e Peu 37 do 1º; Carlos Alberto(contra) 11 e Nunes 37 do 2º
Cartão amarelo: Carlos Alberto, Itamar, Peu e Carlinhos
CRB: César; Paulinho, Paulo Roberto( Paulinho Carimbó), Itamar e Carlinhos; Deco, Mundinho e Norinho; Américo, Joãozinho Paulista e Israel
Técnico: Pompéia
FLAMENGO(RJ): Raul; Leandro, Luís Pereira, Marinho e Carlos Alberto; Andrade, Adílio e Peu; Luís Fumanchu, Nunes e Carlos Henrique(Lino).
Técnico: Modesto Bria.
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