8 de maio de 2020 11:47 por Marcos Berillo
Numa cena urbana grotesca, o maceioense assistiu, na manhã de hoje, uma manifestação agressiva do deputado estadual Antonio Albuquerque, criticando a decisão do governador Renan Filho (MDB) de proibir a circulação de pessoas nas ruas.
Morador da orla, Albuquerque se dirigiu grosseiramente a uma equipe de policiais militares que fazia a fiscalização do cumprimento das medidas de isolamento social decretadas pelo governo para conter a propagação do novo coronavírus.
Em Alagoas, a Covid-19, doença provocada pelo coronavírus, já matou mais de 90 pessoas, e mantém centenas de outras internadas, a maior parte delas em estado grave, nas redes pública e privada de Saúde, na capital e interior. Além de agredir os policiais com ofensas, de dedo em riste Albuquerque ameaçou destruir viaturas caso a sirene de alerta seja acionada.
Moradores do mesmo edifício em que mora o deputado, alguns apoiando seu comportamento, filmaram a cena em que Albuquerque define as providências para preservação da saúde da população de “ditadura”.
Lembrando que no último dia 27 abril, o deputado anunciou nas redes sociais que testou positivo para a Covid-19.
“Comunico a todos que acabo de receber resultado de exame, que fiz por recomendação médica, para o Covid-19 com resultado positivo. Estou em casa, tranquilo, firma na crença do Espírito Santo. Agradeço aos que puderem rogar a Deus por mim. Vamos em frente”, revelou, na ocasião.
Quem é
Filiado ao PTB de Alagoas, Antônio Albuquerque exerce o sétimo mandato de deputado estadual. Em 2007, foi condenado pela força tarefa da 18ª Vara Cível da Capital por participação na Operação Taturana, que investigou empréstimos realizados pelos deputados estaduais.
Na sentença, os juízes analisaram os empréstimos do parlamentar junto ao Banco Rural em valores superiores a R$ 1 milhão, entre os anos de 2003 e 2006. Albuquerque acabou sendo condenado por improbidade administrativa, ao analisar que a garantia e o pagamento da dívida era a verba de gabinete depositada pela Assembleia Legislativa em sua conta, causando prejuízos aos cofres públicos.
A Operação Taturana deflagrada pela Polícia Federal em 2007, visou a Mesa Diretora e vários deputados estaduais que contraíram dezenas de empréstimos junto ao Banco Rural S/A, que acabaram sendo pagos com dinheiro público. Para quitar tais financiamentos, a gestão da ALE oferecia à instituição financeira cheques emitidos pela própria Assembleia Legislativa, o que tirava do autor do empréstimo a responsabilidade pela quitação das dívidas.
Durante as investigações, o Ministério Público também descobriu que o convênio firmado com o Banco Rural, que vigorou entre os anos de 2003 a 2006, tinha por objetivo a concessão de empréstimos pessoais consignados a parlamentares e servidores.
O contrato previa um limite para os deputados de R$ 150 mil e para os integrantes da Mesa Diretora de R$ 300 mil. A base para o cálculo do teto do valor dos empréstimos foi a verba de gabinete.