24 de maio de 2020 2:17 por Thania Valença
Ao contrário do que estão fazendo prefeitos alagoanos, como Palmery Neto, de Cajueiro, e Renato Resende Filho, do Pilar, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) pediu a suspensão das orientações do Ministério da Saúde que recomendam o uso de medicamento como a hidroxicloroquina e azitromicina, para casos leves de Covid-19. Em nota a entidade reforçou que não há eficácia comprovada para prevenção ou tratamento da doença.
Embora cientistas e pesquisadores brasileiros e do mundo inteiro estejam empenhados em encontrar uma cura, “até o momento não há nenhum fármaco com eficácia comprovada para prevenção ou tratamento” – diz a nota do CNS, publicada na última sexta-feira, 22. No documento, a entidade ressalta que, mesmo sem comprovação da eficácia, “o Ministério da Saúde (MS) incluiu, nesta semana, a “indicação de uso” da cloroquina/hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com sintomas leves da Covid-19”.
Temendo pela segurança dos pacientes a quem está sendo prescrito o medicamento, que o prefeito alagoano Palmery Neto chamou de “kit milagroso” (hidroxicloroquina, azitromicina e amitraz), o Conselho pediu a suspensão imediata desta orientação.
No documento, o CNS justifica que as orientações do MS não se baseiam em evidências científicas, pelo contrário, relaciona referências de estudos já criticados pela comunidade científica e não cita estudos e artigos atuais. “O uso da cloroquina, sem comprovação da eficácia, coloca em risco a vida de milhares de pessoas. As orientações desrespeitam a ciência porque inexistem estudos que indiquem eficácia do uso de cloroquina para sintomas leves”, explica a conselheira nacional de Saúde Débora Melecchi, representante da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar).
Além disso, foi enviado um pedido ao Ministério Público Federal (MPF) para que o órgão fiscalizador atue em “defesa da sociedade brasileira”. A recomendação do CNS é a mesma já manifestada por entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e Associação de Medicina Intensiva Brasileira, que emitiram um comunicado, em 18 de maio, contraindicando a cloroquina e a hidroxicloroquina (e outros remédios experimentais) em qualquer estágio da Covid-19.