5 de junho de 2020 4:58 por Marcos Berillo
O espanto causado pelo povo nas ruas de São Paulo, no último domingo (31/5), gritando por democracia é a novidade nacional em meio à pandemia que mata mais de 32 mil pessoas. A Avenida Paulista, símbolo do capitalismo paulista e brasileiro, que havia sido ocupada antes por bolsonaristas, percebeu que o povo havia entrado em campo com os uniformes do Corinthians, do São Paulo, do Palmeiras e do Santos.
As quatro principais torcidas dos clubes de futebol de São Paulo resolveram unir-se em defesa da democracia. O Corinthians é o “pai da matéria”, como dizia um antigo locutor de futebol paulistano. Foi nos idos de oitenta que o Brasil foi surpreendido com a democracia corintiana, liderada por Sócrates, Casagrande, Vlademir e Zenon, protagonistas do maior movimento ideológico do futebol brasileiro.
As torcidas unidas foram e não precisaram falar com os partidos, menos ainda, realizaram consultas às lideranças políticas. Entraram na avenida com altivez e pacificamente empunharam a bandeira da democracia.
O exemplo das torcidas, por muitos olhado de soslaio, nesse momento é motivo de admiração e exemplo para os que estão nas arquibancadas ou nas cadeiras numeradas, para se mobilizar contra a maré fascista que inundou o país.
A onda vai crescer mesmo durante a pandemia. No próximo domingo, dia 7, a torcida do Flamengo e, certamente, as outras torcidas dos clubes cariocas participarão do abraço ao Maracanã e gritarão a plenos pulmões pela defesa da democracia.
Não vai demorar, nas capitais e cidades do Brasil haverá núcleos de torcedores levantando a bandeira da democracia.
O jornalista Nelson Rodrigues disse certa vez: “A seleção brasileira é a Pátria de chuteiras”. As torcidas são a linha de frente na defesa da democracia.
As torcidas são o povo!