10 de julho de 2020 8:16 por Redação
PNUMA
No dia 5 de junho é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. E esta data é uma referência à Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia) de 5 a 16 de junho de 1972. Também, em dezembro daquele mesmo ano, foi criado o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Depois disso, foi estabelecido o dia comemorativo, com vistas a incentivar ações que levem à conscientização para proteger o meio ambiente. Assim, todos os anos, o PNUMA mantém uma plataforma de divulgação com a finalidade de sugerir às comunidades humanas reflexões que levem a ações. Também é sugerido um tema a ser trabalhado.
Dia Mundial do Meio Ambiente 2020
Portanto, neste ano, com o tema #HORA DA NATUREZA, o PNUMA preparou diversas atividades que serão transmitidas pelas redes sociais [i] e que nos levam a refletir sobre o amanhã. Antes de tudo, a pandemia da COVID-19 é o foco principal. Assim, a representante das Nações Unidas no Brasil adverte que isto nos leva a repensarmos nossas ações em relação ao meio ambiente. E, dentre as reflexões sobre o momento atual, propõe-se destacar a interdependência entre a saúde humana e a saúde do planeta e buscar entendimentos sobre como construir um mundo melhor no pós-pandemia.
Biodiversidade
Do mesmo modo, destaca-se a necessidade de tomarmos consciência do quanto dependemos dos serviços da natureza para a nossa sobrevivência. Desde o alimento que consumimos à água que bebemos, o ar que respiramos e, inclusive, muitos medicamentos que salvam vidas, todos são providos pela natureza. Quando perdemos a biodiversidade, perdemos esses serviços dos quais dependemos para existir.
A COVID-19 e o ambientalismo
O físico Ricardo Galvão, em entrevista recente à Carta Capital [ii], opinou sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente 2020. Ele é o pesquisador brasileiro que compôs a lista da revista Nature como uma das 10 personalidades mais influentes no mundo científico. Também foi diretor do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e afastado pelo atual governo porque o órgão divulgou dados sobre o desmatamento na Amazônia.
Ele destacou que a pandemia da COVID-19 causou impactos como a aceleração de antigas reivindicações dos ambientalistas. Ou seja, menos consumo, menos transportes, mais prioridade à produção local.
Por outro lado, Dr. Ricardo Galvão falou das grandes invasões de terras indígenas no Estado do Pará, onde o Governo não faz qualquer controle. E essas pessoas estão transmitindo doenças para os indígenas, como os colonizadores transmitiram quando conquistaram a América. E, à medida que crescem os desmatamentos, aumenta rapidamente a evolução do coronavírus na Amazônia. A grande preocupação do pesquisador é que na época de seca sempre aumentam as queimadas na região, com consequente aumento de doenças respiratórias. Aí, sim, pelas previsões dos cientistas, é muito provável que o pico do coronavírus se sobreponha ao pico do aumento das queimadas.
Reflexões
Também, o Professor Galvão fez as seguintes reflexões: Nenhum de nós pode pensar que vai pegar o seu ônibus para o futuro independente dos outros, e não só estamos interligados como também temos deficiências e mostramos que estamos fracos sob vários aspectos.
E completou: O primeiro ponto importante é nos conscientizarmos que uma evolução, neste século ainda, que seja sustentável e socialmente justa, não pode mais ser baseada num capitalismo predatório. Temos de ter consciência de que não podemos mais ficar quietos quando vemos a degradação do meio ambiente.
“Precisamos nos proteger de nós mesmos”
Em conclusão, voltarei aos anos 70 do século XX. À época, James Lovelock escrevia a hipótese Gaia. Para isto, contou com a preciosa colaboração da bióloga Lynn Margulis, cujos conhecimentos sobre microbiologia foram de fundamental importância para esclarecer alguns pontos no desenvolvimento da hipótese. E é Margulis que nos lembra que a superfície da Terra está viva há pelo menos 3.000 milhões de anos enquanto os humanos chegaram ao planeta recentemente. Margulis [iii] afrimou: Para mim, o movimento humano de assumir a responsabilidade pela Terra viva é cômico – a retórica dos impotentes. Por exemplo, para ela, a pretensão dos humanos de curar nosso planeta doente é evidência de nossa imensa capacidade de ilusão. E alertou: Antes, precisamos nos proteger de nós mesmos.
Ou seja, precisamos cuidar da sobrevivência da nossa espécie e, para tanto, não podemos descuidar do planeta que nos fornece as condições necessárias. E para cuidar dos humanos é preciso considerar a importância e o papel de todos os seres que mantêm os ecossistemas em funcionamento normal.
[i] https://nacoesunidas.org/dia-mundial-do-meio-ambiente-pnuma-promove-reflexoes-virtuais-para-estimular-acoes-reais/amp/
[ii] https://www.cartacapital.com.br/educacao/ex-diretor-do-inpe-pandemia-exaltou-o-valor-da-ciencia-contra-o-negacionismo/
[iii] MARGULIS, Lynn. Symbiotic planet: a new look at evolution. Basic Books, Ed. revised in 1999. 176 p.
4 Comentários
Maravilhosa texto amiga, como sempre gosto demais deles e aprendo muito lendo. Acho que essa é a função de quem escreve, passar ensinamento, nos poesia a gente tem sentimentos, emoção. Nunca deixe de escrever, pois você além de ensinamento, seus textos são didáticos e claro. Um forte abraço amiga!
Noêmia, não lembro qual escritor falou que ensinando a gente aprende. É verdade. Eu vou me empolgando com as leituras que faço para produzir os textos. De repente, um assunto me leva a outro, quando vejo, estou viajando mais do que planejei. E gosto disso. Não posso mais dizer que não tenho tempo. Agora tenho todo o tempo do mundo neste resto de vida que está aí. Grata mais uma vez pela leitura e incentivo.
Estava aguardando a fala de 082 Notícias sobre o Dia do Meio Ambiente. A humanidade está doente de capitalismo, o planeta se reconstituirá rapidamente tão logo nós nos eliminemos da sua face. Então, comemorar o meio ambiente é organizar a luta anti-capitalista, anti-racista, anti-fascista! E, primeiramente, #ForaBolsonaro!
Com certeza, Maria. Tens razão em tudo que falaste aí. A espécie Homo sapiens não é o umbigo do mundo nem escolhida como a principal, que está no topo, etc. Até entendermos que somos parte de um todo, continuaremos rumo ao fundo do poço. É o que eu acho. E, o capitalismo é predatório, com forte dose de egoísmo, por natureza.