17 de junho de 2020 9:37 por Thania Valença
O governador Renan Filho(MDB) está entre a cruz e a espada. Diante de um quadro ainda assustador da pandemia Covid-19, não sabe se cede à pressão dos empresários do comércio e serviços, e determina a reabertura de lojas, shoppings, restaurantes e bares, ou segue a orientação dos especialistas em Saúde, que julgam perigoso o fim do isolamento.
Diante desses dois cenários, ele tenta obter apoio da sociedade para a decisão que terá que tomar em poucos dias. Neste sentido, espera posições dos Poderes Judiciário e Legislativo, dos Ministérios Públicos Federal e Estadual e de outras representações civis.
Qualquer que seja a decisão, para o bem ou para o mal, a responsabilidade é inteiramente dele, governador!
De um lado está, entre outras entidades da classe empresarial, a Associação Comercial de Maceió, que ameaça o governo com demissões em massa, fechamento definitivo de empresas, inviabilidade de recolhimento de tributos.
Defendendo a abertura imediata das atividades comerciais, mas sem apresentar as fontes dessas informações, o presidente da Associação, Kennedy Calheiros, afirma que “os indicadores de contágio entraram em descenso, a taxa de letalidade de Alagoas é uma das menores do país e o a taxa de ocupação dos leitos também caiu expressivamente, especialmente na rede privada”.
E mais, em nota, coloca em suspeição a fala do governador que, ao prorrogar o isolamento até a próxima segunda-feira, 22, disse que um protocolo de exigências sanitárias definirá o retorno do estado à sua normalidade econômica. “Algumas manifestações inesperadas do Governo Estadual, põe em incerteza a retomada gradual das atividades econômicas” – reclama a Associação Comercial de Maceió.
Por isso, a entidade anuncia que “não pode aceitar qualquer ato que tenda ao descumprimento do programa estabelecido pelo próprio Governo ou que postergue a retomada para após o dia 22, o que somente agravará sobremaneira a crise por que passamos”.
Na outra ponta do problema, Renan Filho se depara com análises técnicas, nas quais médicos e estudiosos de estatísticas mostram que a normalidade social ainda é um risco à saúde pública. Para eles, o protocolo sanitário com regras a serem seguidas por cada setor da economia que o governador anuncia, não é suficiente para impedir que mais pessoas sejam contaminadas pelo coronavírus.
Um estudo recente, elaborado por pesquisadores da Universidade Federal em Alagoas (Ufal) que compõem o Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, mostra que o estado ainda não possui o controle da doença, o que representa riscos caso haja relaxamento das medidas de isolamento social.
Apontando a baixa adesão voluntária ao distanciamento social, que chegou a 35% nos piores dias, como um problema sério, os pesquisadores avaliam o cenário da pandemia em Alagoas. Essa baixa adesão aumentou a taxa de transmissão, e a interiorização da Covid-19, e manteve a curva de contágio em crescimento no Estado.
Como ainda não há uma vacina, alertam os especialistas, a melhor forma de se evitar a propagação da doença é o isolamento social.
1 Comentário
É uma difícil decisão do governo.