segunda-feira 14 de outubro de 2024

Festas Juninas: dos deuses aos nossos arraiás:

10 de julho de 2020 8:45 por Redação

“Olha pro céu meu amor, veja como ele está lindo! Olha prá aquele balão multicor… Havia balões no ar
Xote, baião no salão / E no terreiro o teu olhar / Que incendiou meu coração”(José Fernandes de Paula/Luiz Gonzaga)

 Estamos em junho, mês das festas juninas! Mas, qual a origem das festas e de  onde veio a festa junina? Antes da gente falar sobre quadrilha, fogueira, pamonha e canjica, vamos ter de falar sobre ciência e história.

(Fonte: www.google.com)

Todo mês de junho, há uma data em que o dia e a noite têm a maior diferença de duração – o solstício. No Hemisfério Norte, é o mais longo dia de todo o ano. Esse é o período da colheita na Europa e, até mais ou menos o século X, com os últimos pagãos se convertendo, as populações dos campos comemoravam a data e faziam sacrifícios para afastar demônios e pragas e assim ter prosperidade com as colheitas.

Na história da antiguidade muitas vezes a agricultura é associada à fertilidade, cada região celebrava seu casal de deuses específicos. No Egito, as oferendas eram para Ísis e Osíris. Já na Grécia, havia a festa de Cronos, o deus  da agricultura, ou, apenas para as mulheres, Adônis e Afrodite, quando elas faziam plantações rituais e caíam na celebração pra valer.

Outra grande celebração era para comemorar Prometeu, o criador da humanidade – e quem trouxe o fogo aos gregos. Não é um mistério como ele era celebrado: “O formato era mais ou menos como a gente conhece, com comida regional, danças e fogueira”[2].

A Igreja Católica considerava essas festas como meros rituais pagãos. Mas, como não conseguiu acabar com elas, resolveu adaptá-las ao universo cristão. “Já no século XIII, três santos passaram a ser homenageados no mês de junho: Santo Antônio (dia 13), São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29)”, explica a antropóloga Lúcia Rangel. Sendo que São João Batista, em particular, é o que se celebra mais perto do solstício. Como ninguém sabe quando ele nasceu realmente, a data foi escolhida pela conveniência de cristianizar os rituais pagãos e veio a coincidir de ser exatos seis meses antes do Natal. Hoje, sabemos que São João é celebrado com fogueiras em quase todo o mundo cristão.

(Fonte: www.google.com)

 

Três séculos depois, já nos anos 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil trouxeram suas tradições. “O primeiro registro de festa comemorativa a São João data de 1583, em São Paulo, feito pelo jesuíta Fernão Cardim”.

As comemorações por aqui foram hibridizadas (sofreram adaptações), até porque em junho é inverno, exatamente o oposto – o dia do solstício é o mais curto do ano. “Entre os elementos que foram ‘abrasileirados’ estão os pratos típicos, em geral derivados do milho, a música e as roupas”.

Por isso, os santos tomaram o lugar dos deuses e o verão virou inverno. Mas, por que razão as pessoas se vestem de caipira? Festa junina é uma celebração rural, da colheita. Assim como as mulheres gregas das cidades plantavam trigo para Adônis, nós nos vestimos de agricultores. Mas, também porque criamos um estereotipo do que achamos que sejam os agricultores. “A figura do Jeca Tatu, criada por Monteiro Lobato, definia o caipira como indolente, preguiçoso, malvestido, sem dentes e com roupas rasgadas. Esse é o modelo que ficou.

No nosso país, sobretudo no Nordeste, o cardápio das festas juninas foi adaptado à cultura agrícola local. Quando os portugueses aqui chegaram, rapidamente transmitiram suas tradições aos índios, mas também adotaram algumas. “Milho era um alimento muito utilizado pelos indígenas, ainda mais em junho, época de colheita”. Então, desde o século XVI passou-se a preparar para as festas juninas uma série de derivados de milho, como bolos, pamonhas, milho assado e cozido, canjica, dentre outras comidas.

No século XIX, o Brasil passou a receber uma grande leva de imigrantes, que trouxeram algumas especialidades para o cardápio da festa, adequadas também para o clima mais frio do sul e do sudeste, locais onde se fixaram.

Assim, nesse grande caldeirão cultural que somos e vivemos, celebramos nossas festas juninas!

 

[1] Doutor em Ciências da Religião pela Unicap.

[2] Rangel, Lúcia Helena. Entre o céu e a terra: www.youtube.com

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

 

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1 Comentário

  • MUITO BOM PARABÉNS

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