13 de julho de 2020 9:16 por Redação
Doze entidades sindicais, lideradas pela Central única dos Trabalhadores (CUT/AL), assinaram nota de repúdio acusando a coordenação do SAMU/Arapiraca, de perseguição a funcionários e descumprimento da legislação trabalhista. Apontando o coordenador administrativo da Central do Samu 192 de Arapiraca, Lucas Acioly Dorville, e a coordenadora de Enfermagem, Antônia Fortaleza, como responsáveis, as entidades pediram providências ao Ministério Público do Trabalho (MPT/AL).
Segundo a CUT, além de submetidos a uma exaustiva carga de trabalho, muitas vezes sem horário para se alimentarem, os funcionários estão sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) em quantidade suficiente para realizarem a higienização das ambulâncias que chegam diuturnamente da microrregião de Arapiraca e adjacências. A denúncia da Central incluiu o afastamento de um prestador de serviço, e devolução à secretaria de Estado de Saúde (Sesau), de dois funcionários, por terem cobrado solução para os problemas citados.
O coordenador Lucas Dorvillé e a enfermeira Antônia Fortaleza são acusados de adotar ações de represália contra os trabalhadores. “Eles demonstram total incompetência para apaziguar os conflitos através do diálogo, empatia, respeito, cordialidade e ética, que são pilares imprescindíveis nas relações de trabalho” – diz a nota das entidades de classe.
Assinada pelos sindicatos dos Trabalhadores em Seguridade Social, dos Assistentes Sociais, dos Enfermeiros, dos Trabalhadores em Educação, dos Servidores da Universidade Estadual de Ciências da Saúde e dos Médicos de Alagoas, a nota considera inaceitável que “na conjuntura pandêmica pela qual passa o país e o mundo, que os gestores desconheçam as condições emocionais dos servidores da saúde”.
Para as entidades, não é possível ignorar que esses trabalhadores vivem “um cenário atípico, que impõe um misto de medo e insegurança a todos, pois ainda não sabem como lidar com esse inimigo invisível”, numa referência direta ao novo coronavírus e à pandemia Covid-19. A nota lembra a morte,por coronavirus, da servidora Maria da Conceição, do SAMU/ Maceió, que também fazia parte do setor de higienização, bem como dos demais profissionais que comprovadamente morreram do mesmo vírus.
“Consequentemente, esse contexto gera estresse, ansiedade e pânico, e desconsiderá-lo num momento tão delicado como este, para punir impiedosamente trabalhadores que estão tomados pelo medo, é, sem dúvida, um ato leviano, tanto quanto desumano. Se em situações normais essa prática autoritária é abominável, num contexto catastrófico de pandemia, é expressamente ato de desumanidade e de empatia! Não há justificativa que se aplique a esse tipo sádico de querer mostrar serviço, ofendendo, humilhando, ameaçando, transferindo e perseguindo o trabalhador!” – denuncia a CUT/AL, definindo a demissão e devolução dos servidores do Samu Arapiraca como “um explícito ato de abuso de autoridade, assim como de assédio moral”.
As entidades sindicais questionam “como é possível o trabalhador sofrer punições por exigir condições seguras e dignas de trabalho” e concluem afirmando que “não se pode mais admitir em pleno século XXI, esse tipo de prática análogo à escravidão, no qual torna o trabalhador refém dos seus algozes, que julgam que podem tudo”.
A nota de repúdio é assinada ainda pelos sindicatos dos Odontologistas, dos Servidores do Poder Judiciário Federal, dos Policiais Civis, do Fisco e dos Auditores de Arrecadação e Finanças de Alagoas.
A Redação do 082noticias.com não conseguiu contato com a coordenação do Samu, porém, coloca-se à disposição para os esclarecimentos sobre a denúncia levada ao MPT/AL.