22 de julho de 2020 6:38 por Thania Valença
Acusado em crime de homicídio, o tenente-coronel PM Antonio Marcos da Rocha Lima foi preso agora a pouco pela Polícia Civil, numa operação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) contra suspeitos do assassinato de Luciano de Albuquerque Cavalcante, de 40 anos, em outubro de 2019. Além do oficial PM, atualmente comandando o 8º Batalhão, no município do Pilar, região metropolitana de Maceió, mais três pessoas foram detidas na operação.
A motivação do crime seria um terreno situado no bairro da Forene, município de Rio Largo, avaliado em R$ 1 milhão, que vinha sendo negociado entre Luciano Albuquerque Cavalcante e o tenente da reserva da Polícia Militar, José Gilberto Cavalcante Góis. Este foi preso em novembro do ano passado, junto com Wagner Luís das Neves, também suspeito do assassinato de Luciano, crime praticado no bairro Cidade Universitária, em Maceió.
Imagens de câmeras de segurança mostram o veículo Voyage, de cor branca, usado pelos assassinos entrando no condomínio onde José Gilberto reside, e saindo dali em direção ao posto Acauã, onde Luciano trabalhava e foi assassinado.
Na investigação, a DH encontrou equipamentos da PM na casa de Wagner Luís das Neves, que não soube explicar como, não sendo militar, guardava em sua residência fardamento da corporação, entre estes uma camiseta com o nome do então capitão PM Rocha Lima. Já na casa do tenente José Gilberto, agentes da Homicídios apreenderam cartuchos de munição ponto 40.
A investigação da Polícia Civil mostrou que as munições encontradas no local do crime, e na casa dos acusados, são oriundas dos batalhões já comandados pelo hoje tenente-coronel Rocha Lima.
Punições
O TC Rocha Lima é considerado um militar problemático, já tendo inclusive respondido a dezenas de procedimentos administrativos. Ele tem em seu desfavor, três Conselhos de Justificação, por motivos que vão de estupro, desordens em locais públicos, associação ao tráfico e extorsão, a determinações judiciais da 17ª Vara Criminal, por formação de quadrilha.
Um currículo recheado de infrações graves, ignorado pelo Comando Geral da Polícia Militar de Alagoas, desde seu ingresso na corporação, em 1992, na Turma Denilma Bulhões. Os dados sobre o TC Antônio Marcos da Rocha Lima mostram que, apesar dessa ficha funcional negativa, a única ação punitiva que enfrentou foi em dezembro de 2010, quando o então comandante geral, coronel Dário César Cavalcante, publicou no Boletim Geral Ostensivo (BGO) a solicitação de sua demissão das fileiras da PMAL, “por ser considerado indigno ao oficialato e a ele incompatível, e não possuir condições de permanecer nesta briosa de bravos”.
No BGO consta ainda que Rocha Lima “frequenta lugares impróprios para um oficial de polícia, acompanhado de pessoas associadas a prática de crimes, como são o caso do ex-sargento Medeiros, Alan Costa Lima e o Miguel Rocha Neto, comprometendo o prestígio e o conceito da Corporação perante a opinião pública”.
Sua prisão, na manhã desta quarta-feira, 22, vem sendo comentada em grupos de Whatsapp de militares como um fato já esperado. “Aqui pra nós, os comandantes pagaram pra ver” – disse um oficial, ao comentar a prisão com um colega.
1 Comentário
Se já teve antecedentes porque motivo se mantem no.orgao público. É hora do sistema hierárquico conivente ser responsabilizada em conjunto