quinta-feira 31 de outubro de 2024

Dieta de proteína; fazer ou não fazer?

6 de agosto de 2020 7:14 por Katia Betina

Quando iniciamos esse projeto de falar de nutrição de forma simples, com o compromisso de não faltar com a verdade, relacionei os quatro principais conceitos de grupos de dieta de emagrecimento e fomos ao longo das semanas mostrando as vantagens e desvantagens de cada um (ver no blog).

Só que fomos acometidos pela atual pandemia, nossa vida sofreu modificação em vários aspectos, e acabamos tomando um outro rumo com o olhar voltado para o enfrentamento da Covid.

No entanto, ainda que a pandemia não tenha passado e continua a ser um fantasma que precisa de enfrentamento, quando olho para cada esquina, tenho a impressão de que a vida da quase totalidade das pessoas voltou ao normal e por isso vou retomar a nossa proposta inicial, falando do último grupo de dietas que ainda não abordamos.

Já conversamos sobre três dos quatro tipos utilizados para emagrecimento, (todos a disposição neste blog em publicações anteriores), quais sejam: as dietas isentas de gorduras, as dietas vegetarianas, as dietas de contagem de energia (caloria) e finalmente as dietas de proteínas, também conhecidas como cetogênicas, objeto da nossa conversa de hoje.

Ela pode ser útil para quem precisa voltar a caber nas roupas, que misteriosamente e para nossa surpresa, ficaram apertadas demais por conta do isolamento social, já que é uma proposta que proporciona emagrecimento rápido.

Existe mais de um “nome” para essas dietas que necessitam utilizar gordura corporal como fonte de energia e que liberam corpos cetônicos no processo metabólico, e por isso, serem conhecidas como cetogênicas, mas também são chamadas de a Dieta do Dr. Atkins, Dukan, Paleolítica, Low carb, Keto, etc,.

As diferenças entre cada uma delas são mínimas e, em comum, todas propõem uma ingestão muito maior de proteína que a recomendada.

São planos alimentares que se baseiam no aumento do consumo de alimentos prioritariamente de origem animal, como carnes e ovos, com ingestão variada entre cada um dos tipos, de poucas opções de legumes, leguminosas, alguns oleaginosos, ou abacate como fruta.

Acontece que a ingestão exagerada de alimentos ricos em proteína pressupõe o aumento de gordura, e mesmo que seja feita opção por alimentos proteicos mais magros, com adição de gorduras boas de azeites, a composição total fica muito distante dos níveis “saudáveis”.

Para conseguir um consumo de mais proteína é necessário compensar fazendo a exclusão quase total dos alimentos fonte em carboidratos, como pão, tudo que tem açúcar, a grande maioria das frutas, batatas, massas, etc, que são para o nosso organismo os alimentos “da felicidade”.

Quais as vantagens de uma dieta rica em proteína? A maior delas, a perda de peso que é mais rápida no início, seguida de um bom controle da glicemia pela retirada dos alimentos que aumentam a glicose (açúcar) no sangue e além desses importantes ganhos, podemos acrescentar a saciedade que ela provoca, causando menos fome que nas dietas normais.

Tirando esses argumentos, que, convenhamos, são fortíssimos, temos uma imensa quantidade de desvantagens, como:
– Baixa ingestão de fibras, que ë ruim para a saúde intestinal e para a imunidade;
-O aumento dos riscos provocado pelo consumo excessivo de gordura;
-Pouca variedade na composição do cardápio;
-Dificuldade de adesão por longos períodos, e:
Além de poder provocar dores de cabeça e as vezes tontura nos primeiros dias.

Em todos os tipos de dieta de proteína é proposto uma fase de “ataque” com alimentos que são compostos quase que exclusivamente de proteínas e gorduras, por um tempo médio de duas semanas.

Pense comigo, uma dieta de 15 dias variando ovo, presunto, carne vermelha, peito de frango, azeite e um pedacinho de queijo, não é muito fácil, afinal não haverá frutas, legumes, massas ou leite.

A segunda fase costuma ser menos “agressiva”, uma vez que libera uma parte dos legumes, um pouquinho de leguminosas, acrescenta oleaginosas e pequenas porções de abacate, mas não retorna aquilo que costumamos chamar de “normal”, portanto se você pretende aderir a um desses planos, vai precisar selecionar bem as compras, os locais que irá frequentar, os cardápios que irá seguir, porque ela não permite que haja um dia sequer de “lixo”.

É um mito de quem opta por esses planos é acreditar que comendo muita proteína o organismo ganha a desejada massa magra. Não é tão simples, isso não corresponde à realidade, mas este será assunto para outra longa conversa.

Toda essa explicação foi para dizer que se você conseguiu se manter saudável, não tem nenhum problema renal, mas não está cabendo nas roupas e se sente capaz de enfrentar um desafio, aqui vai uma sugestão:

Já que “para sempre é um tempo muito longo”, pense só no nesse mês e pelos próximos 10 dias: se restrinja aos alimentos citados para fase de ataque e se programe para nos outros 10 dias subsequentes acrescentar, 1 colher de sopa de farelo de aveia, 3 castanhas do Pará, 1/4 de um abacate pequeno e 1 colher de sopa de feijão verde.

E boa sorte! Agosto pode ser um mês decisivo, além da retomada de algumas das atividades “normais”, pode ser o início de uma nova vida também para a conquista de um peso mais legal, daqueles que a gente sente orgulho de ter conseguido quando olha o resultado no ponteiro da balança.

Katia Betina é nutricionista e escritora

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2 Comentários

  • Excelente artigo, que nos proporciona clareza e nos orienta a melhor escolha para qual dieta seguir. Parabéns Kátia Betina.

  • Excelente! Ótima explicação e sugestões. Parabéns????

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