8 de agosto de 2020 5:47 por Thania Valença
Os bairros do Jacintinho, Benedito Bentes, Tabuleiro do Martins, Cidade Universitária, Jatiúca e Ponta Verde são, pela ordem, os que apresentam maior incidência de coronavírus, em Maceió. A constatação é do Instituto de Geografia Desenvolvimento e Meio Ambiente (Igdema), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que tem feito o monitoramento diário do contágio de Covid-19 na capital alagoana.
“É preciso explicar que a covid-19 é, primordialmente, um problema urbano, que se favorece de fatores, como alta demografia, conectividade intraurbana e atividades econômicas. Ou seja, bairros com grande adensamento de pessoas, via de regra possuem um comércio dinâmico, com fartura de oferta de bens e serviços. E, por conta desses dois fatores, propiciam uma maior circulação de pessoas. O inverso também é verdadeiro”, explica o geógrafo Esdras de Lima Andrade, do Igdema, que coordena o Estudo da vulnerabilidade socioespacial à pandemia de covid-19, com a participação de 15 pesquisadores.

Segundo ele, a transmissão da doença também está associada a questão comportamental da população que, em muitas situações, insiste em não usar máscaras ou higienizar devidamente as mãos e outros comportamentos de risco.
Porém, alerta o pesquisador, não se pode deixar de prestar atenção aos outros 44 bairros, pois em cada um deles, o vírus pode se disseminar de forma diferente, devido a existência de muitas variáveis que podem favorecer sua ocorrência.
No caso dos seis bairros da capital que apresentam maiores taxas de incidência da doença, Esdras Lima diz que o maior desafio de controle e minimização do contágio consistem em desestimular a circulação e aglomeração de pessoas sem impactar ainda mais a economia local.
“Talvez, se os gestores públicos tivessem adotado efetivamente desde o início da pandemia os dados e as informações de endereçamento das pessoas infectadas para identificar os pontos focais e isolar essas áreas, a realidade poderia ter sido outra. Tanto sob a perspectiva econômica, quanto sanitária”, opina.
Os mapas, divulgados todos os dias desde a constatação da pandemia no país, foram iniciados com o monitoramento da situação no cenário nacional e evoluiu até o município de Maceió, em abril, quando começou a divulgação dos dados locais.
O pesquisador enfatiza que desenvolver estudo sobre a vulnerabilidade socioespacial relacionada à covid-19, foi uma atividade desafiadora, devido as dificuldades naturais de obtenção dos dados e ao pouco tempo disponível para a execução, mas ao final satisfatória.
“O resultado final trouxe uma contribuição acerca das análises sobre as principais causas da expressão desta doença na região urbana do município de Maceió, mostrando-se um importante subsídio para o entendimento do comportamento da pandemia. Tornando-se assim, uma leitura indispensável para profissionais e estudantes interessados em Geografia da Saúde”, afirma Esdras de Lima.
Com Ascom/Ufal