18 de janeiro de 2021 9:11 por Geraldo de Majella
A obra política iniciada pela esquerda alagoana durou doze anos na administração pública de Maceió e oito anos em Alagoas. Os fundamentos ainda são lembrados, como a relação de diálogo estabelecida entre os governantes e os funcionários públicos, a democratização do poder na rede de ensino, instituindo as eleições diretas para diretores, a descentralização da alimentação escolar, a estruturação de uma rede de creches, a institucionalização de políticas de defesa e promoção dos direitos humanos e a implantação do orçamento participativo.
Esses e outros temas são de permanente preocupação da esquerda, sem os quais os partidos ou os políticos não podem considerar-se como de esquerda. Essa linha é o que denomino pomposamente de Sinfonia Inacabada da esquerda alagoana.
É uma obra coletiva, e é assim que deve ser para resultar em boa audição. O engenheiro Ronaldo Lessa e a dentista Katia Born foram os executores dessa obra. O PDT, partido de ambos, atualmente, por via oblíqua, faz parte da aliança que elegeu JHC prefeito de Maceió. Esse legado histórico pode e deve ser o centro tensionador das políticas públicas e da reorganização delas nas áreas essenciais. A tensão é natural do processo de luta social.
Esse é um dos pontos de tensionamento para que haja o reinício da luta pelo trabalho inconcluso da esquerda, nem que seja setorial. Mas não se pode perder de vista essa perspectiva.
Os tempos e as circunstâncias políticas são outros, mas os compromissos ideológicos devem permanecer, mesmo todos sabendo, inclusive Ronaldo, que ele não é, óbvio, o mesmo da época em que era militante do movimento estudantil e do PCR; ou o Ronaldo Lessa atuante parlamentar dos anos oitenta. O atual está mais velho, vivido e, por conseguinte, mais experiente. Será cobrado por sua obra política e seus compromissos históricos.
A ação política é ou deve ser sempre tensionada pelos militantes do partido, pelos movimentos sociais e pela sociedade civil organizada. O prefeito JHC tem ao seu lado um político experiente e um partido com quadros experientes e respeitabilidade social. Isso não se encontra facilmente, sobretudo quando a ação política tem sido desqualificada pelo discurso que nega a Política como algo fundamental na vida da sociedade.
A respeitabilidade no ambiente político não é encontrada em profusão; o PDT tem alguns nomes com essas características, como os do ex-deputado Judson Cabral, o médico e ex-deputado federal Jurandir Boia e o da ex-prefeita Katia Born. Na linguagem popular, isso é ouro em pó, quando o normal é chafurdar no pântano dos crimes políticos e de outras naturezas.
Se é cedo, não sei, mas toda grande caminhada começa com um simples passo.