12 de março de 2021 11:25 por Marcos Berillo
Os moradores e empresários dos bairros Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol, duramente atingidos pela tragédia urbana provocada pela mineradora Braskem, cobram da Prefeitura de Maceió a reativação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (Nudec).
Aliás, ressalta uma das lideranças que lutam para garantir que a mineradora arque com as consequências do crime ambiental, a comunidade sequer sabia que o Núcleo daquela área fora desativado. Essa informação somente foi divulgada na quarta-feira, 10, durante reunião virtual da qual participaram representantes dos bairros e da Prefeitura de Maceió (Gabinete de Gestão Integrada e Defesa Civil).
Durante a reunião, o coordenador adjunto da Coordenadoria Adjunta de Proteção e Defesa Civil, Geraldo Vasconcelos Castro, comunicou que não mais existe o Nudec naquela região.
Segundo foi entendido pelos participantes da reunião virtual, no chamado Caso Pinheiro a própria Defesa Civil Municipal passou a ser responsável pelo contato com os moradores e pela transferência das famílias e comerciantes obrigados a deixar seus imóveis.
Vinculado à Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), órgão municipal responsável pela execução, coordenação e mobilização das ações de defesa civil, o Nudec é formado por pessoas da própria comunidade, que atuam como voluntárias nas situações de riscos e nos desastres.
A comunicação feita por Geraldo Vasconcelos surpreendeu os representantes dos bairros, que questionaram as razões da desativação do Núcleo e cobraram informações sobre as transferências. O fim do Nudec é visto como uma forma de deixar os moradores sem representatividade, já que muitos dos atingidos pela tragédia são voluntários no Nudec do Pinheiro.
O coordenador adjunto foi questionado se falava como representante da Prefeitura, ou coordenador do SOS Pinheiro, uma das primeiras organizações de moradores formadas para enfrentamento do desastre ambiental provocado pela mineradora Braskem, que representou desde 2018.
Desde sua nomeação e posse na Defesa Civil, no último dia 5, Geraldo Vasconcelos vem sendo criticado por ter abandonado o SOS Pinheiro para assumir cargo público, num claro conflito de interesses. A assessoria da Prefeitura de Maceió informou que Geraldo teria se afastado do movimento SOS Pinheiro.
Nessa mobilização pela reativação e viabilização do Nudec, os moradores e empresários cobram do prefeito JHC a criação de um Mapa Econômico, para dar amparo às empresas dos bairros afetados; a ampliação do mapa de criticidade; a transferência de equipamentos públicos; e o abrigo para animais abandonados nos bairros.
Entenda
A crise ambiental, econômica e social que está destruindo os bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol começou em março de 2018 após um tremor de magnitude 2,5 na escala Richter. Depois disso, surgiram rachaduras e fissuras em imóveis, ruas e avenidas, obrigando milhares de famílias a deixarem suas casas.
A mineradora Braskem S.A é apontada pelo Serviço Geológico do Brasil como responsável pelo desastre, provocado pela exploração de sal-gema.
Até agora não se sabe como o problema, que vem se transformando numa ameaça a toda Maceió, será resolvido.
Esta semana, o diretor do Departamento de Obras de Proteção da Defesa Civil Nacional, Paulo Falcão, reforçou que o afundamento do solo dos bairros da capital alagoana é o maior desastre geológico em andamento no Brasil.
“Esse desastre de grande magnitude, de grande impacto social e econômico, é bastante grave. Nós temos total dimensão da magnitude deste problema, que é o maior desastre em andamento no Brasil. Então nós nos propusermos a ajudar o município a dar um retorno à sociedade”, declarou Falcão.