16 de abril de 2021 1:09 por Da Redação
Mesmo indicado por seu partido, o MDB, para compor a CPI da Pandemia, o senador Renan Calheiro corre o risco ficar de fora da investigação sobre ações e omissões do governo federal no combate à pandemia Covid-19. Instaurada no Senado, após confirmação no Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI vai investigar também o repasse de recursos da União para estados e municípios.
Embora possa colher provas, de forma semelhante a uma investigação tradicional, a Comissão Parlamentar de Inquérito tem na coleta de depoimentos um de seus principais trunfos. No trabalho os senadores podem convocar basicamente qualquer pessoa que considere importante para esclarecer os fatos investigados. O presidente e os governadores podem estar entre os convocados.
É essa possibilidade que pode impedir a participação de Renan Calheiros. Integrante do partido que tem maioria no Senado, o parlamentar alagoano está cotado para ocupar um dos dois principais cargos da CPI – presidente ou relator. Mas terá que enfrentar senadores aliados da base de Jair Bolsonaro, mobilizados para impedir sua indicação .
A alegação dos bolsonaristas contra Renan Calheiros é que Alagoas é um dos estados fiscalizados e o governador é seu filho. O senador emedebista estaria sob suspeição, por supostamente vir a favorecer, por ação ou omissão, ao governador Renan Filho.
A CPI da Pandemia Covid-19 terá 11 membros titulares e sete suplentes e vai funcionar por 90 dias, com limite de despesas de R$ 90 mil. Ao final do inquérito as conclusões serão remetidas ao Ministério Público para, se for necessário, iniciar investigações.
Bolsonaro tentou barrar investigação
A investigação será iniciada com o presidente Jair Bolsonaro enfrentando um dos momentos mais difíceis de seu governo. A economia vai mal e o país enfrenta uma grave crise sanitária, com média móvel de mais de 3 mil mortes diárias. Além desse cenário, Bolsonaro vê cair sua popularidade e não sabe como manter em bom nível a relação com o Congresso Nacional, até mesmo com seus aliados.
Ao longo da pandemia, que já matou mais de 358 mil brasileiros, Bolsonaro foi notícia por minimizar o perigo do coronavírus, sabotar medidas de distanciamento social, promover curas ineficazes, impedir uma política de enfrentamento nacional, além de promover teses infundadas sobre supostos riscos de vacinas e demonstrar desinteresse em garantir imunizantes para a população.
O presidente Jair Bolsonaro tentou, sem êxito, impedir que a CPI da Pandemia tivesse como objetivo investigar as ações de seu governo. Acuado, fez pressão sob aliados para que as apurações se limitassem a atuação de governadores e prefeitos.