sexta-feira 26 de abril de 2024

Montaigne, Chico Buarque e o Amor que não pede explicações

O que nos leva a gostarmos tão intensamente de uma pessoa, por vezes tão diversa de nós? Ou a nos apaixonarmos perdidamente por alguém e mantermos com esse alguém um relacionamento que, no dizer do Poetinha, enquanto dura infinito é.

24 de maio de 2021 12:41 por Revista Prosa e Arte

 

Chico Buarque

“O que tem de ser tem muita força, tem uma força enorme”
— João Guimarães Rosa, no livro “Grande Sertão: Veredas”.

Por Paulo Setúbal

O que faz nascer uma amizade imorredoura? O que move uma paixão desmedidamente extraordinária dentro de nossos humanos corações? O que nos leva a gostarmos tão intensamente de uma pessoa, por vezes tão diversa de nós? Ou a nos apaixonarmos perdidamente por alguém e mantermos com esse alguém um relacionamento que, no dizer do Poetinha, enquanto dura infinito é.

Amigos, parentes, conhecidos e desconhecidos, veem essa relação vivida com olhos de quem assiste a algo em que a lógica se volatiliza e se lhes escapa, algo improvável, indefinível, pleno de estranheza, difícil de ser decodificado, entendido, assimilado. Para desvendar esse mistério, buscando um satisfatório entendimento disso, Chico Buarque – compositor, cantor, dramaturgo e escritor – foi buscar a melhor definição nos ensaios de Michel de Montaigne, o célebre escritor, humanista e filósofo da França. Chico conta em um vídeo que Montaigne, por ser insistentemente questionado sobre o porquê de sua mais que imensa e eterna amizade por outro humanista e filósofo francês, Étienne de La Boétie, cuja morte precoce o levou a escrever o ensaio “Da amizade”, Montaigne disse apenas que gostava dele e ponto. Quinze anos mais tarde, revendo o que escrevera, o escritor acrescentou que gostava do grande amigo “porque era ele”. Outros quinze anos depois fez mais um acréscimo à frase, completando-a definitivamente: “porque era ele, porque era eu”. Chico entendeu como simples porem perfeita a definição dada por Montaigne.

Slide 1
Slide 2

Achando que ela também era perfeita para definir a paixão, o amor que sentimos por outro alguém, dela se valeu para compor uma música feita para a trilha sonora do filme brasileiro A máquina, do diretor João Falcão. A essência do que definiu Montaigne está no nome da música: “Porque era ela, porque era eu”. Maravilhoso, formidável Montaigne. Maravilhoso, formidável Chico Buarque.

 

Achando que ela também era perfeita para definir a paixão, o amor que sentimos por outro alguém, dela se valeu para compor uma música feita para a trilha sonora do filme brasileiro A máquina, do diretor João Achando que ela também era perfeita para definir a paixão, o amor que sentimos por outro alguém, dela se valeu para compor uma música feita para a trilha sonora do filme brasileiro A máquina, do diretor João Falcão. A essência do que definiu Montaigne está no nome da música: “Porque era ela, porque era eu”. Maravilhoso, formidável Montaigne. Maravilhoso, formidável Chico Buarque.

Porque era ela, Porque era eu

Eu não sabia explicar nós dois
Ela mais eu
Porque eu e ela
Não conhecia poemas
Nem muitas palavras belas
Mas ela foi me levando pela mão
Íamos tontos os dois
Assim ao léo
Ríamos, chorávamos sem razão
Hoje lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu
– Chico Buarque (letra e música)

Mais Chico Buarque:
Chico Buarque (vídeos e textos)
Chico Buarque – entrevistado por Clarice Lispector

Mais lidas

Risco de morte após a febre chikungunya continua por até 84 dias, diz Fiocruz

24 de maio de 2021 12:41 por Revista Prosa e Arte Em meio à epidemia

Saúde volta a alertar alagoanos sobre medidas de prevenção contra a dengue

24 de maio de 2021 12:41 por Revista Prosa e Arte A Secretaria de

PF indicia filho de Bolsonaro por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro

24 de maio de 2021 12:41 por Revista Prosa e Arte A Polícia Federal

FAEC anuncia calendário anual de eventos esportivos para o público escolar

24 de maio de 2021 12:41 por Revista Prosa e Arte A Federação Alagoana

Bar do Doquinha: o lar enluarado da boemia

24 de maio de 2021 12:41 por Revista Prosa e Arte Por Stanley de

Seduc anuncia processo seletivo para a Educação Especial

24 de maio de 2021 12:41 por Revista Prosa e Arte A Secretaria de

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *