14 de junho de 2021 7:10 por Geraldo de Majella
Ilmo. Sr. Governador:
O estado de Alagoas tem 5 bilhões de reais em caixa para investir em infraestrutura na duplicação de estradas, recuperação de estradas vicinais, aeroporto, saúde e educação. As ordens de serviços têm sido assinadas com muita visibilidade nas suas redes sociais e na propaganda estatal.
O povoado Ilha do Ferro, no município de Pão de Açúcar, com pouco mais de 450 habitantes, é um case de sucesso alavancado pela arte (artesanato) e o bordado, motivo de sua transformação de uma área que sobrevivia basicamente da agricultura e, hoje, tem a maior concentração de artistas de Alagoas.
Todos os ganhos sociais e econômicos têm acontecido através do reaproveitamento de madeira da caatinga, que é transformada em obras de artes, e do bordado Boa Noite.
Senhor Governador, os artistas e as bordadeiras servem de referência em trabalhos acadêmicos, nas mídias e entre os galeristas brasileiros e internacionais.
O esgoto a céu aberto é um péssimo cartão de apresentação para quem chega e para quem mora no povoado, além de ser causa de doenças. O desenvolvimento que a Ilha do Ferro tem vivenciado é sustentável e inclusivo.
Essa comunidade tem uma magia além da beleza do rio São Francisco; é a arte que energiza o lugar e foi a arte que superou as adversidades e agruras dessa gente trabalhadora.
Governador, o saneamento básico e a melhoria da estrada que liga a Ilha do Ferro a Pão de Açúcar são fundamentais para o turismo e para novos investimentos em pousadas.
A Ilha do Ferro dispõe de um museu, o Espaço de Memória Artesão Fernando Rodrigues, uma iniciativa da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), que é um equipamento importante na preservação da memória dos artesãos, das bordadeiras e da memória do povo alagoano.
A artista plástica alagoana Tânia Maya Pedrosa é uma das grandes referências em arte popular no mundo, tem o mérito de ter apresentado o trabalho do mestre Fernando Rodrigues e de outros artesãos em Maceió e por onde andou no Brasil e na Europa.
O cineasta, fotógrafo e professor Celso Brandão aportou na Ilha do Ferro e serviu de pólo de atração e difusão da arte produzida pelos ribeirinhos. Esses intelectuais e outros que vieram depois continuam a atrair outras pessoas de várias partes do mundo.
Os artistas plásticos Maria Amélia e Dalton Costa passaram a conviver com os artistas locais e ofereceram às comunidades ribeirinhas um projeto de educação lúdico, em que as crianças têm acesso ao Museu Balanço das Águas Galeria Karandash. O barco tem levado cultura e desenvolvimento para a região.
Senhor Governador, a Ilha do Ferro precisa de saneamento básico e da melhoria da estrada para continuar encantando os turistas, os pesquisadores e os alagoanos que sentem cada vez mais orgulho de seus artistas.
3 Comentários
Que não se faça de surdo.
Lamentável que a tal falada “economia criativa” so é
aplicada na orla da Capital.
Saneamento! Uma bandeira de todos! Cadê a gestão participativa!? Cadê o povo exigindo? Cads MP? TCE
A Ilha do Ferro e seus artistas merecem uma melhor atenção do governo do estado. Vamos lá governador!