sexta-feira 19 de abril de 2024

A Fábrica Alexandria

A Fábrica Alexandria viveu até os anos 50, quando foi vendida para um grupo pernambucano que a desmontou, levando seus teares para a chamada Veneza Americana.

16 de julho de 2021 1:08 por Braulio Leite Junior

Fábrica Alexandria em 1920 no Bom Parto

 

 

 

 

 

A velha Maceió já possuiu em seu perímetro urbano verdadeiros empórios industriais, Eram fábricas de cigarros, de tecidos e outras pequenas fabriquetas especializadas no ramo de alambiques.

A fábrica Estrela do Norte, que produziu afamados cigarros, era localizada no Beco da Moeda, tomava quase todo um quarteirão, confinando com a atual Rua João Pessoa. Fundada em 1900 pelo saudoso senhor Isaac Menezes, produzia 1.000.000 cigarros por dia, os cigarros Suisses, Vigilante, Estrela Azul, Caypiras, Garotos e outros que eram exportados ou consumidos internamente. Em 1908 a Estrela do Norte foi condecorada com medalha de ouro em exposição nacional.

Agora, todavia, não trataremos das fábricas existentes em Maceió que não suportaram a concorrência de trustes industriais de outros países que no Brasil se estabeleceram como a Cia. Souza Cruz, Sudan etc. Este assunto será objeto de um estudo autônomo a respeito da vida industrial de Maceió, a nossa Maceió antiga.

Hoje vamos lembrar da finada Fábrica Alexandria que o povo também chamava de fábrica do Bom Parto, porque ficava à frente da igrejinha da Nossa Senhora do Bom Parto, no início do Mutange, final da Rua Marechal Hermes da Fonseca.

A Fábrica Alexandria viveu até os anos 50, quando foi vendida para um grupo pernambucano que a desmontou, levando seus teares para a chamada Veneza Americana. Um crime contra a nossa economia, sem falar na angústia, no desespero em que ficaram seus operários classificados, os tecelões.

A Fabrica Alexandria for organizada como sociedade em comandita por ações no ano de 1914 pelos senhores L Zagallo Peixoto e o ilustre médico conterrâneo Dr. Mario Lobo com um capital de quinhentos mil contos de reis( 5.000.000 Cr000), moeda daqueles dias e que representava um dinheirão, pois suas máquinas e teares foram importados da Inglaterra.

A Alexandria fazia parte da paisagem do Bom Parto. Logo cedo seu apito breve alertava os operários para a labuta, quinze minutos antes do começo da jornada. Depois, era um apito longo que significava o inicio dos trabalhos.

Os operários, felizes, desciam da Vila Operária felizes, alegres sorridentes, pois a vida era fácil e duzentos rés de sururu dava para matar a fome de uma família, e o charque e o bacalhau eram comidas de pobres.

O tempo vai correndo na placidez provinciana dos cinemas mudos, das retretas, das festas de Bebedouro do major Bonifácio da Silveira ou do pastoril do seu Bida, no Bom Conselho, hoje Praça Pirulito, mas que na verdade é Emilio de Maya.

A Alexandria começou com reduzido maquinismo Todavia foi crescendo, crescendo, de acordo com as necessidades que se apresentavam. A fábrica girava com o nome de M. Lobo & Cia. e dez anos depois de sua inauguração possuía 3.400 fusos e 120 teares. Deve ser ressaltado que a fábrica do Bom Parto só consumia algodão plantado no Estado. A Vila Operária, lá no alto, com vista para a lagoa, era bonita. Ao longe parecia um casario de um presépio.

Assim era a Alexandria. Sua exportação de tecidos lisos, fantasias brancas e a cores, toalhas felpudas, toalhados e fustões tinha grande significação no que tange ao pagamento de impostos que eram recolhidos na antiga Recebedoria Central dirigida pelo saudoso economista Waldemar Loureiro, Recebedoria que hoje é o Misa.

Tudo passou. Os teares foram levados. Os operários desempregados. Já não se ouve, no romper de cada ano, o grito saudoso, poético, da velha fábrica. O que resta: alguns operários envelhecidos que vivem de recordação, mergulhados na saudade da fábrica do Dr. Mário Lobo. Como um navio que naufraga, a velha e tradicional Fábrica Alexandria se afogou na força de um mar tempestuoso que se pode chamar concorrência, mar alicerçado

(*) Texto de Bráulio Leite Júnior publicado no livro História de Maceió, Edição Catavento, 2000.

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