quinta-feira 28 de março de 2024

17 de julho de 1997: o dia em que o povo exigiu a renúncia do governador Suruagy

As tropas ocuparam-na ostensivamente e se postaram em sentido de defesa do Poder Legislativo. Os militares da PM, sob o comando da suas entidades de classe, também se postaram em posição de ataque. Estava montado o cenário ideal para a guerra anunciada.

17 de julho de 2021 9:26 por Da Redação

 

Manifestantes e militares na entrada da Assembleia Legislativa

 

 

 

 

 

O dia 17 de julho de 1997 passou para a história de Alagoas como o dia em que o povo exigiu, nas ruas de Maceió, a renúncia do governador Divaldo Suruagy. A crise moral, ética, econômica e administrativa tornou o nosso Estado ingovernável. Os funcionários públicos ficaram durante dez meses sem receber os seus salários e o crime organizado controlava integralmente a segurança pública.

A administração se achava nas mãos de um secretário da Fazenda que conduziu calma e seguramente o Estado ao maior abismo econômico do século XX. Alagoas ficou à deriva. Era o fim do ciclo iniciado em 1983, quando a fraude derrotou José Costa e a administração estadual consistia num condomínio que algumas famílias e a oligarquia dominavam a ferro e fogo.

Amanheci o dia 17 de julho no programa do França Moura, na Rádio Gazeta de Alagoas. Era possível perceber o clima pesado. As lideranças sindicais achavam-se nas ruas de Maceió já no início do dia; policiais militares e civis armados, em meio a milhares de servidores e populares, marchavam em direção à praça Dom Pedro II, onde fica a Assembleia Legislativa. Tudo poderia acontecer, até mesmo um banho de sangue. Certamente muitos poderiam morrer crivados de balas dos militares.

Durante o dia 16 recebi informações da assessoria militar do meu gabinete, de companheiros do movimento sindical e de outras fontes, inclusive de oficiais superiores do Exército brasileiro. Nada indicava que o dia 17 seria um dia em que os servidores fariam mais uma passeata denunciando o estado de miséria e abandono.

Ao amanhecer o dia 17 de julho, o prédio da Assembleia Legislativa foi tomado militarmente pelo Exército. As tropas ocuparam-na ostensivamente e se postaram em sentido de defesa do Poder Legislativo. Os militares da PM, sob o comando da suas entidades de classe, também se postaram em posição de ataque. Estava montado o cenário ideal para a guerra anunciada.

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Multidão de funcionários públicos na Praça Dom Pedro II

Antes do dia 17 de julho mantive contatos com militares das Forças Armadas, que me externaram preocupação com a situação caótica e, sobretudo, pelo claro, para eles, descontrole na segurança pública. A cadeia de comando na Polícia Militar estava combalida, segundo avaliação de oficiais superiores do Exército, o que para eles era um fato inconcebível.

Os militares residentes em Alagoas acompanhavam o dia a dia e, pasmem, não acreditavam que a Polícia Militar fosse capaz de manter a ordem, e muito menos a segurança pública, devido à insubordinação da tropa e ante a possibilidade de ocupação do Palácio Floriano Peixoto ou mesmo da Assembleia Legislativa.

O descontrole e a crescente mobilização dos servidores civis e militares e da população indicavam a gravidade dos fatos. Aumentava ainda mais a crise de Poder, evidenciando a ingovernabilidade.

A sucessão de tragédias familiares vinha acontecendo dia após dia. Funcionários públicos desesperados cometiam suicídio: assassinavam seus familiares e em seguida atentavam contra a própria vida. A falência no comércio em Maceió e nas cidades do interior crescia enormemente; um rastilho de sangue e dor se propagou por toda Alagoas.

Policiais e funcionários públicos tentando se proteger dos tiros

Terminada a entrevista com o radialista França Moura, fui ao encontro da multidão de funcionários públicos e populares na praça Dom Pedro II. Senti-me no dever de entrar no prédio do parlamento estadual, ocupado pelo Exército. Pelo microfone do carro de som dos manifestantes falei a todos e disse que iria como prefeita de Maceió adentrar o prédio. Postei-me entre os militares da Polícia Militar de Alagoas e dos policiais civis, e juntos derrubamos as grades – menos pela nossa força física e muito mais pela aglomeração da multidão forçando as grades. Desse momento em diante foi aberto fogo pelos militares do Exército. Felizmente, diante da multidão enfurecida, os militares recuaram.

A cena de guerra, a derrubada da grade e todo o clima de quase insurreição popular certamente abreviaram a renúncia do governador Divaldo Suruagy. O dia 17 de julho de 1997 mudou Alagoas. E o Partido Socialista Brasileiro (PSB) nesse contexto contribuiu enormemente para que ocorressem mudanças significativas em Alagoas.

(*) Ex-prefeita de Maceió, ex-Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos.

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