sexta-feira 26 de abril de 2024

CPI lista 26 políticos que espalharam fake news sobre covid. Veja quem são

Relação foi produzida pelo grupo de 41 voluntários que o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) arregimentou

21 de julho de 2021 12:49 por Marcos Berillo

Servidor do Ministério da Saúde, William Amorim presta depoimento à CPI da Covid | Agência Senado

Por Rudolfo Lago, do Congresso em Foco

O deputado Osmar Terra (MDB-RS) pregou que metade da população brasileira viesse a ser infectada pelo novo coronavírus. Quando isso acontecesse, dizia ele, todos teriam anticorpos e 99% ficaria assintomática. Só aí, assegurava, o contágio da covid-19 iria se reduzir. Fora isso, escreveu o deputado no Twitter, “o coronavírus seguirá na sua trajetória com quarentena ou não”. O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) assegurou que a pandemia da covid-19 é a chegada no que ele chamou de “bio-era”, um tempo em que as armas convencionais são substituídas por armas biológicas, como o coronavírus que, segundo ele, foi construído em laboratório “para atrapalhar e interferir nas eleições americanas”.

Os exemplos acima estão em uma lista da CPI da Covid que investiga a atuação de políticos na disseminação de fake news sobre a pandemia, à qual o Congresso em Foco teve acesso. Durante o período de recesso parlamentar, a organização de documentos que apontam quem foram os responsáveis por produzir e espalhar pelas redes sociais desinformação sobre a pandemia é a nova linha de trabalho das equipes que assessoram os parlamentares na comissão.

A lista foi produzida pelo grupo de 41 voluntários que o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) arregimentou e que atuam na busca de informações na internet, especialmente para checar dados. A lista tem o nome de 26 políticos, ministros do governo, deputados e senadores. Alguns, inclusive, de oposição.

Além da lista de políticos, a CPI da Covid investiga a origem de 68 perfis na internet, com milhares de seguidores, que espalharam, por exemplo, notícias amedrontadoras sobre vacinas e outras notícias falsas. Esses perfis a comissão ainda mantém sob sigilo, porque muitos têm a autoria anônima. A CPI quer descobrir quais são seus autores e a origem dos disparos. Teme, assim, que a divulgação dos perfis faça com que seus autores tirem as páginas do ar dificultando a investigação.

No caso dos políticos, a ideia, ao final, é verificar suas responsabilidades na disseminação de ideias falsas ou distorcidas sobre a pandemia. Como pessoas públicas, com credibilidade junto à parte da sociedade, as opiniões desses políticos acabem tendo forte importância na formação de conceitos que podem ter dificultado o combate à doença no país.

Coincidência: maioria dos nomes que espalham fakes são alvos de CPI

Os técnicos da CPI observam que há grande coincidência na maioria dos nomes com os que também aparecem nas investigações da CPI das Fake News e dos atos antidemocráticos apurados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Casos dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), da deputada Bia Kicis (PSL-DF) e do deputado Daniel Silveira.

O trabalho mostra especialmente a força da atuação de Osmar Terra, uma espécie mesmo de ministro da Saúde paralelo. De longe, ele é o político com maior presença na lista e com maior volume de divulgação de informações consideradas falsas ou distorcidas. Osmar Terra defende o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, critica o isolamento social, defende a tese da imunidade de rebanho, distorce dados sobre a doença, de acordo com o levantamento feito.

Ele, por exemplo, divulgou dado falso sobre o crescimento da taxa de mortalidade na Suécia, país que aponta como exemplo porque não teria adotado lockdown. Aponta que a taxa de crescimento da mortalidade no país em determinado período seria de 0,7% quando, conforme o levantamento feito, seria na verdade de 2,5%. Chega a atirar contra o chefe da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, reproduzindo denúncia não comprovada de que Adhanom teria apoiado e tentado conseguir armas para grupos rebeldes da Etiópia. De fato, o governo etíope fez essas acusações, mas não apresentou nenhuma prova disso. “De presidente da OMS a traficante de armas. Pode uma pandemia tão séria como a da covid ser conduzida por uma pessoa tão despreparada na área?”, questionou Osmar Terra no Twitter, conforme o levantamento da CPI.

Deputado Daniel Silveira está entre investigados | Câmara dos Deputados

Suspenso, deputado Daniel Silveira entra na lista

Suspenso das atividades do Congresso por decisão do Conselho de Ética da Câmara, depois de ter chegado a ser preso por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes após a divulgação de um vídeo em que ameaçava outros ministros da Corte e pregava a adoção do Ato Institucional nº 5 da ditadura militar, o deputado Daniel Silveira aparece na lista como disseminador de teorias da conspiração que apontam o coronavírus como uma arma biológica. Em mais de um momento, o deputado afirma que a pandemia é “o maior episódio de engenharia social e análise comportamental em massa da história”. Para ele, a coronavírus “foi literalmente criado para atrapalhar e interferir nas eleições americanas”. Prossegue: “Claro que, por efeito, atingiu o Brasil e foi instrumentalizado pela esquerda doente”.

Há defesas recorrentes do uso de medicamentos sem eficácia comprovada e do fim do isolamento social. Ministros do governo aparecem na lista. O ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência, por exemplo, faz relato pessoal em favor do uso de medicamentos cuja eficácia hoje nem mesmo o próprio Ministério da Saúde atesta. “Desde sexta, estou seguindo o protocolo de azitromicina, ivermectina e cloroquina e já sinto os efeitos positivos”.

Quando o Brasil atingiu cinco mil mortos pela covid-19 (agora já são mais de 540 mil), o presidente Jair Bolsonaro reagiu em reposta com um “E daí?”. Mais de um político da sua base postou um vídeo editando sem essa parte da resposta afirmando ser essa a verdade.

A lista cita também alguns políticos de oposição ao governo. A deputada Erika Kokay (PT-DF), por exemplo, fez questionamentos considerados insustentáveis sobre as razões pelas quais o presidente Jair Bolsonaro teria anunciado ter sido contaminado pela covid-19. “Alguém mais acha que o @jairbolsonaro testou positivo para covid-19 com o objetivo de fazer propaganda para a hidroxicloroquina?”, escreveu ela.

Veja abaixo quem aparece na lista e algumas das observações registradas sobre suas postagens:

Carla Zambelli (PSL-SP) – Publicou vídeo editado que retirava a frase “E daí?”, dita pelo presidente Jair Bolsonaro ao reagir quando o Brasil atingiu 5 mil mortes por covid; defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada; tira de contexto estudo publicado na revista The Lancet em 2019 sobre desemprego e saúde, sem mencionar que o estudo foi feito antes da pandemia; defesa de que quem já tinha sido infectado não precisaria usar máscara

Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada; pregação contrária ao isolamento social; distorção de informação sobre a decisão do STF a respeito da autonomia de estados e municípios quanto a medidas de combate à covid

Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) – Defesa de uso de medicamento não comprovado; publicou vídeo editado que retirava a frase “E daí?”, dita pelo presidente Jair Bolsonaro ao reagir quando o Brasil atingiu 5 mil mortes por covid

Osmar Terra (MDB-RS) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada; pregação contrária ao isolamento social; defesa da imunidade de rebanho; distorção de dados

Coronel Tadeu (PSL-SP) – Distorção sobre informação a respeito de testes da Coronavac no Brasil, em São Paulo, e na China; defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada; alegação insustentável sobre “política nojenta de produzir óbitos”

Aline Sleutjes (PSL-PR) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada;

Caroline de Toni (PSL-SC) – Pregação contra o isolamento social; defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada

Carlos Jordy (PSL-RJ) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada; informação falsa de que nem a China usava a vacina Coronavac; afirma, sem provas, que há relação entre a proliferação do novo coronavírus e o Partido Comunista Chinês

Fábio Faria (ministro das Comunicações) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada; frase tirada de contexto de que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomendava o lockdown

Luiz Philipe de Orleans e Bragança (PSL-RJ) – Dado insustentável e sem indicação de fonte (estima-se que somente 30% das empresas e empregos em bares e restaurantes ainda irão existir caso acebe o lockdown nas próximas semanas)

Onyx Lorenzoni (ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência) – Defesa de medicamento sem eficácia comprovada

Bia Kicis (PSL-DF) – Defesa de medicamento sem eficácia comprovada; pregação contra o uso de máscara; pregação contra a vacinação; afirmação de que vacina pode alterar o DNA humano

Paulo Eduardo Martins (PSC-SP) – Defesa de medicamento sem eficácia comprovada

Erika Kokay (PT-DF) – Alegação insustentável (“Alguém mais acha que o @jairbolsonaro testou positivo para covid-19 com o objetivo de fazer propaganda para a hidroxicloroquina?”)

Sâmia Bomfim (PSOL-SP) – Informação falsa de que a vacina contra H1N1 é fabricada pela Sinovac Biotech, mesmo laboratório que fabrica a Coronavac

Daniel Silveira (PSL-RJ) – Pregação contra o isolamento social; defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada; afirmação insustentável de que a covid-19 é uma arma biológica e de que “estamos na Bio-era”; afirmação de que vacinas seriam aplicadas sem teste; afirmação de que a covid-19 “foi inventada para atrapalhar e interferir nas eleições americanas”

Marcelo Freixo (PSB-RJ) – Distorceu frase do então ministro da Saúde, Nelson Teich

Marco Feliciano (PSC-SP) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada

José Medeiros (Podemos-RN) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada; publicou vídeo editado que retirava a frase “E daí?”, dita pelo presidente Jair Bolsonaro ao reagir quando o Brasil atingiu 5 mil mortes por covid

Capitão Derrite (PP-SP) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada

Marcio Labre (PSL-RJ) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada

Vitor Hugo (PSL-GO) – Afirmação de que vacinas seriam aplicadas sem testes

Gleisi Hoffmann (PT-PR) – Exagero ao dizer que quase 7 milhões de testes de covid haviam sido “desperdiçados” (na verdade, eles poderiam perder a validade)

Hélio Lopes (PSL-RJ) – Defesa de uso de medicamento sem eficácia comprovada

Alê Silva (PSL-RJ) – Afirmação falsa sobre ocupação de leitos de UTI; afirmação falsa de que STF tirou poderes de Bolsonaro para decidir sobre o combate à covid-19; defesa do uso de medicamento sem eficácia comprovada

Marcelo Álvaro Antônio (ministro do Turismo) – Defesa do uso de medicamento sem eficácia comprovada

 

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