17 de agosto de 2021 10:16 por Eleonora Duse Leite
Estou no serviço público desde os anos 80 na extinta Escola de Música de Alagoas – Emal da também extinta Fundação Teatro Deodoro – Funted, na qual meu pai Bráulio Leite Júnior foi criador, idealizador e presidente por longos anos. Foi diretor do Teatro Deodoro e com a criação da Funted no Governo Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira foi seu primeiro presidente. Inclusive, poucos sabem que seu cargo era vitalício.
Presidente da Funted, criador do Centro de Belas Artes de Alagoas-CENARTE, do Museu da Imagem e do Som – MISA, das Orquestras Filarmônica e de Câmara da FUNTED, do Coro Infantil “As Andorinhas e Coro FUNTED, da Galeria de Arte Miguel Torres, do Teatro de Arena Sérgio Cardoso e de tantos outros projetos, todos funcionando a todo vapor na época. Quanto a mim, estou no Cenarte quando ainda funcionava no antigo prédio do Seminário de Maceió, na av. Dom Antonio Brandão, no bairro do farol. Creio ser a funcionária mais antiga da Instituição, longe de ser a mais velha(risos). Vi todas as modificações ocorridas e o trabalho que deu para se organizar tudo. De imediato, vi cada flor que cresceu naquele jardim, cada animal que foi solto naquele campo, cada árvore que deu seu melhor fruto, cada sala de aula restaurada para receber seus professores e futuros alunos. Foi uma barra. De lá para cá(como diz o matuto) andei de galho em galho, até chegar neste Cenarte da Pedro Monteiro. Participei de várias gestões, me acompanhei de cada diretor e sou firme em nominá-los um a um. Eles chegavam e partiam a cada quatro anos e eu ia ficando, reorganizando papeladas, verificando pastas, armazenando histórias, fazendo amigos e até inimigos ocultos e durante todo esse tempo fui fiel, fui dedicação exclusiva, incondicionalmente. Todos que me conhecem, sabem do meu bem querer e especial “xamêgo” pelo Cenarte, isso é público e notório. Que passo mais tempo aqui do que em minha casa, pois chego as 7:00 da matina e saio às 17:00 horas(e acreditem com satisfação e prazer). Fiz isso durante muito tempo, sem ter cargo comissionado ou função gratificada e para minha surpresa no último ano fui agraciada pelo ex-Secretário de Cultura Osvaldo Viégas com um cargo de confiança que gozei até o último dia 31/12/2014, quando com a chegada do novo Governo, todos os cargos sem exceção foram destituídos.
O CENARTE foi minha gestação mais promissora, que me desculpem as minhas filhas Anália e Sarah, razão da minha vida e meu sangue, a quem amo acima de tudo e de qualquer coisa, mas, é outro tipo de ligação. Aqui convivi e convivo a todo momento com artistas natos ou a procura de suas aptidões em todas as áreas, de pequenos gênios desconhecidos, a gênios já batizados, artistas temporários e artistas de uma vida toda, e com certeza é gratificante a convivência com todo esse pessoal.
Nasci e cresci com o belo. Desde cedo foi assim… o Teatro foi uma das minhas maiores paixões, mas depois do Cenarte muita coisa mudou na minha vida e meu leque de paixões aumentou e ai tive que dividir o meu amor com a música, a dança, a artes plásticas. Foi aberto novo horizonte e com certeza minha vida deu uma guinada de 360°, mais sentido, novo alento. Torço, viro a cada ano que passa e vejo que o Centro continua vivo, concreto, inteiro, presente em mim e na comunidade que assim como eu aprendeu a gostar, amar e a se dedicar de forma real realmente.
Agradeço a oportunidade de estar CENARTE, de ser Centro de Belas Artes de Alagoas e peço para que ele se mantenha vivo no pensamento e no coração de todos que dele sabe perto acontecer.