9 de setembro de 2021 6:17 por Da Redação
Os movimentos políticos do presidente Bolsonaro em direção às suas bases, os caminhoneiros em especial, têm sido de recuo e humilhação para quem pretende liderar um golpe de Estado com apoio dessa categoria.
Ao gravar um áudio apelando aos seus liderados para que desbloqueiem as rodovias, o presidente usou a justificativa de que o bloqueio por ele mesmo convocado prejudicaria a economia.
“Fala para os caminhoneiros aí, que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação e prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres. Então, dá um toque no caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a gente seguir a normalidade”, disse.
O blefe na política, muitas vezes, é utilizado mas não pode ser um estratagema para todas as ocasiões. Bolsonaro tem se utilizado desses recursos em público para manter animada a sua base política que não é a mesma que está no Congresso Nacional.
Orçamento secreto
A base política é mantida com bilhões de reais oriundos do ardiloso orçamento secreto, obra de engenharia político-financeira nunca vista na República. Bolsonaro inaugurou esse monumento, aliás, é a única obra de seu governo e é o que lhe mantém em pé.
A manutenção do governo Bolsonaro é proporcional à vazão dos dutos que são irrigados pelo orçamento secreto.
A unidade dos partidos políticos de todos os campos, dos movimentos sociais, de setores do empresariado associados à mobilização popular é que vai determinar com quem ficará os sócio-beneficiários desse mecanismo utilizado para manter Bolsonaro na presidência.
Temer se torna bombeiro da crise criada por Bolsonaro
O blefe na política não é de longa duração. Bolsonaro procura o ex-presidente Michel Temer para se aconselhar e expôs à nação o que todos sabiam: a sua baixa estatura moral e política ao divulgar uma nota onde pede socorro ao STF e ao ministro Alexandre Moraes.
Quem vai liderar a “tropa” fanatizada que foi monetizada às ruas das capitais no dia 7 de setembro? A resposta virá das ruas desde que as oposições tenham competência para empurrá-lo ladeira a baixo.
Leia a nota publicada no site oficial da Presidência da República:
No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.
DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA
Jair Bolsonaro
Presidente da República federativa do Brasil