20 de setembro de 2021 9:23 por Ricardo Ramalho
Uma movimentação da mídia e dos órgãos governamentais estaduais e municipais voltou-se, nos últimos dias, para o Dia da Árvore. Observou-se um festival de ações em torno da data, para a importância das árvores na convivência humana, com a natureza. Nada mais justo e acertado para essa atenção, não fora a verdadeira deseducação ambiental que promoveu. Inicia-se pela data que não é formalmente válida para o Estado. Um decreto federal de décadas passadas (55.795/65) instituiu, acertadamente, que o 21 de setembro se limita aos estados do Sul do país. Para o Norte e Nordeste, criou-se a Festa Anual das Árvores, a transcorrer na última semana de março. Entretanto, a confusão de datas seria de pouca valia, para tão importante personagem, se não representasse uma conduta errônea, que desconsidera o clima da região.
O nosso despreparo educacional é de tal magnitude que nos faz esquecer que estamos iniciando uma das duas estações de clima que se admitem em nossa região: o verão que acontece após o inverno. Ao que parece, não se tem conhecimento de tão simples e, provavelmente, milenar alternância climática e que as árvores para crescerem, quando plantadas, necessitam de umidade das chuvas, que escasseiam em todo Estado. Foi, exatamente, o espírito do decreto federal ressaltado, o de conciliar o clima favorável ao seu adequado plantio. Assim, no afã de seguir o noticiário do Sul e da absurda descontextualização do ensino, governo, escolas, instituições das mais diversas características se lançaram nessa surreal comemoração. Vimos enormes outdoors saudando a árvore, notas públicas comemorativas de órgão governamentais e a mais equivocada das ações para plantios de árvores, em pleno verão: a distribuição de mudas.
As mudas são comparadas a bebês vegetais. Requerem cuidados especiais quando são retiradas dos viveiros de produção, daí se denominar “berço” e não “cova” a perfuração do solo que a receberá. O berço deve ser suprido de adubo e, sobretudo, água, em abundância. A distribuição de mudas, sem critérios e orientação, em uma época inapropriada para plantio sem a disponibilidade de irrigação constante, representa uma sentença de morte para as frágeis árvores em miniatura além do desperdício de recursos.
O surrealismo na educação ambiental, contudo, não para na data referida. Começa outro mecanismo bizarro de imitação do que faz o Sul: a chegada da Primavera! Ora, ora, os mais primários ensinamentos de geografia e climatologia afirmam que as conhecidas quatro estações não são bem definidas no Nordeste, tampouco é a estação das flores. Nos dois principais biomas de Alagoas, a Caatinga e a Mata Atlântica, as flores não estarão abundantes, nessa pretensa primavera que se inicia. A chegada do verão no primeiro, prenuncia a queda das flores e no segundo, ainda, chegará a alguns dias a plenitude florística que embelezará mais nossas matas e jardins.
Conheçamos mais a natureza e seus efeitos, sobre todas as formas de vida que coabitam em nosso Planeta. Sem essa sabedoria, não compreenderemos como viver em equilíbrio e harmonia.