Uma pesquisa realizada pela União das Associações dos Moradores Vítimas da Braskem revela que 81% dos moradores do Flexal de Baixo e Flexal de Cima, no bairro de Bebedouro, querem ser realocados, com inclusão no Plano de Compensação Financeira (PCF) da Braskem. O documento já foi encaminhado aos órgãos de controle – Ministério Público Federal (MPF) e Estadual (MPE) e Defensoria Pública da União (DPU) e Estadual (DPE).
O novo mapa de risco apresentado pela empresa, que tem sido contestado pelos moradores daquela região, apresenta 3.100 imóveis para serem incluídos como em áreas de risco “presente e futura”. Uma ação civil pública cobra a inclusão imediata de todos os 3.100 imóveis da região no Plano de Compensação Financeira. A estimativa é de que 10 mil pessoas foram atingidas pelo maior crime ambiental em área urbana do mundo, somente naquela área.
O defensor público geral, Ricardo Melro, está do lado dos moradores. “Não existe risco presente e futuro. A população precisa de segurança jurídica, da certeza de que será indenizada e que será compensada, adequadamente, pelo dano ocorrido no subsolo que está gerando esse problema nos bairros afetados. Querer criar formalismo é tentar empurrar, com todo respeito, um problema atual para um futuro, para um dia incerto e não sabido”, afirmou.
Moradores reclamam da falta de assistência
Em um grupo de WhatsApp, moradores demonstram estarem inconformados com o tratamento que recebem da Braskem e da Prefeitura de Maceió. “Nós fomos afetados pelos danos causados pela Braskem. O Flexal de Baixo e de Cima está deserto, não temos padaria, farmácia, mercado, nada. Estamos abandonados e sem qualquer segurança”, reclama um morador.
Recentemente, o vereador Francisco Sales levou um trio elétrico, bebidas e fez uma festa para falar sobre o que vem realizando pelo bairro, gerando críticas dos moradores no grupo. “A União das Associações vai entrar com uma Ação Civil Pública, não é preciso agora o vereador Francisco Sales dizer que vai entrar com uma ação. Se ele quisesse, teria feito antes. Quando ele viu que estamos nos mobilizando, não adianta mais”.
O isolamento social preocupa outra moradora. “Nós estamos num ilhamento social, estamos abandonados, sem nada e ainda existe o medo da questão do afundamento, as nossas casas estão rachando. A prefeitura e os órgãos públicos deveriam pressionar a Braskem para tirar os moradores daqui que estão submetidos ao ilhamento social e correndo risco. Como é que a prefeitura e a Braskem vão priorizar os bairros vizinhos com revitalização, construção e reforma de praças e nós ficamos aqui ilhados, sofrendo nas quebradas e nos flechais? Vão revitalizar a Chã de Bebedouro, Chã da Jaqueira e todos os bairros vão ser revitalizados, segundo informaram”, escreveu.
Estratégia da Braskem é “empurrar para a frente” o processo
São 10 mil pessoas afetadas no Flexal de Baixo e de Cima, segundo a Defensoria Pública Estadual. A estratégia da Braskem é, como bem observou o chefe da DPE, Ricardo Melro, empurrar para a frente, exaurir as forças da população pobre desse bairro e dos demais atingidos pelo seu crime ambiental.
A associação, que une os moradores de seis localidades atingidos pelo afundamento do solo – Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto, Gruta do Padre e Saem – já realizou um evento, com o apoio do prefeito JHC, para que todos pudessem se pronunciar sobre vários temas de interesse das vítimas da Braskem.
O grupo também explicou, ao presidente da Comissão Especial de Inquérito – CEI/ Braskem, vereador Leonardo Dias, a importância da realização de uma audiência pública presencial com a participação da Braskem e de todos os moradores vítimas da mineração de sal-gema.
“Continuaremos trabalhando com a legitimidade que é conferida às Associações dos Moradores, buscando regatar os direitos para as vítimas desse crime socioambiental cometido pela Braskem”, destaca nota emitida pela Associação ao 082 Notícias.
1 Comentário
Quanto descaso com os seres humanos!