Por Geraldo de Majella*
A ideia de gestar uma candidatura presidencial que represente o espectro político eleitoral antiLula e antiBolsonaro começa a ser orquestrada. É a “Terceira Via”. Os nomes estão sendo testados, os discursos também passam pela fase de calibragem. E o que isso significa na prática?
A mídia nacional sentiu o esvaziamento do discurso construído pela Operação Lava Jato, de combate à corrupção, que foi desarticulado a partir da Vaza Jato. O principal dirigente político, o então juiz Sérgio Moro, hoje se encontra desmoralizado juridicamente e, para os donos do poder, não serve mais para ser o político competitivo para ganhar as eleições contra Lula ou Bolsonaro.
Atualmente, Moro é funcionário de empresas norte-americanas e, possivelmente, informante das agências de inteligências dos EUA. Não chega a ser novidade, pois, quando ainda era juiz, repassou farta documentação ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Hoje, a primeira e, provavelmente, única via para derrotar a extrema-direita é a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. As candidaturas de Doria e Mandetta não deram sinais de que serão competitivas. O nome de Ciro Gomes é o mais conhecido do eleitorado.
Ciro Gomes, como é de se esperar, está fazendo inflexões em seu discurso beligerante, vez por outra, sofre com recaídas com incontinência verbal. Nada novo em se tratando do ex-ministro. Ao tentar, sem resultado, atrair Lula para o ringue, o petista experiente sabe que no boxe os lutadores são divididos por categoria e peso, e a luta varia de nove a onze rounds.
Para usar a figura de linguagem do boxe e considerando que nele só é permitido utilizar as mãos, existem apenas cinco golpes possíveis: o jab, direto, cruzado, gancho e uppercut.
Lula não está qualificado para lutar em nenhuma das categorias, tem 75 anos e nessa idade não é permitido ou recomendável lutar boxe.
Enquanto Ciro Gomes lhe desfere golpes, o ex-presidente procura se livrar com bom humor e “desfere” elogios aos adversários. Essa é, também, uma tática do futebol onde o jogador experiente e de “sangue frio” procura levar o adversário ao desespero com catimbas ensaiadas, sem deslealdade. Lula é do futebol e está em campo, tem fôlego e o seu time tem uma torcida forte.
Como dizia o antigo técnico e filósofo do futebol Gentil Cardoso: “quem se desloca recebe, quem pede tem preferência”.
*É historiador