19 de outubro de 2021 11:24 por Da Redação
Eleonora Duse Leite*
Numa dessas saídas obrigatórias, que a gente tem que fazer, fui dar um passeio no supermercado, sim passeio porque ninguém hoje vai fazer compras, se faz passeio, se vai lá… E passei por lá.
Tenho lembrança do meu avô Antônio Pontes dizendo que bacalhau era coisa de gente humilde. Banana, café, farinha, arroz e feijão fazia parte do rol de compras dessa gente menos agastada. Meu Deus, o que diria ele hoje? Bacalhau ultimamente tem sido orgulho da alta roda ; banana deixou de ser ou ser ditado: “ a preço de banana”; café, a bebida única do povão deixou de ser tomado, sendo substituído do pelo chá , que sempre existe no final do quintal , a plantinha de capim santo, hortelã, cidreira e outros. Farinha nossa mandioca, essa custa $4.00 o quilo; o arroz, não rende mais e o tão querido feijão de cada dia, virou manjar de sultão, de tão caro e sem substituição na cesta básica. Pra se ter ideia, outro dia encontrei no pacote de 500g além de pequenas pedrinhas, encontrei também quase uma espiga de milho, de tantos existentes grãos deste cereal. Aonde vamos parar!
Carne, Frango, peixe está sendo substituído por ovos que em breve não serão tão popular. Antigamente no interior as pessoas costumavam criar galinhas, sustentavam com resto de comida das sobras da refeição, mas como agora, se mal tem pra elas?
Meu avô Antônio Pontes iria se assombrar desse nosso tempo.
Vivo num país onde o salário mínimo é o ganho da maioria da população, que mal dá para se alimentar, e as outras coisas básicas como água, energia, educação, saúde, habitação não podem entrar na relação de prioridades, me pergunto: Como se sobreviver? O que será de nós, dos nossos filhos? Nós filhos desta terra, desse Brasil, já tão cheios de diferenças gigantescas e absurdas, onde as disparidades nos impulsionam a prática de pequenos delitos como, pegar a galinha do vizinho ou até mesmo pegar uma lata de leite sem pagar do supermercado, por conta da fome e da miséria nossa e dos nossos filhos… Eu ser humano com coração a pulsar e consciência da necessidade de vida desses pés descalços que muitas vezes nem tiveram escolha de optar por nascer.
Será preciso políticas públicas eficazes para que esse povo ou todos nós, tenhamos uma vida digna para enfrentar o que está por vir. Estamos com a mão no peito e bradando com fervor o nosso canto cívico… “ De um povo heróico o brado retumbante…”
*É