O crime registrado contra o patrimônio histórico no município de Água Branca, Sertão de Alagoas, marca a mais trágica passagem dos 251 anos de história da Igreja Nossa Senhora do Rosário.
De acordo com um morador da cidade, sem ouvir ninguém, o pároco de Água Branca, Edgar Alves de Oliveira, autorizou uma reforma que descaracterizou o imóvel datado de 1770, completamente. Na terça-feira, 26, fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL) estiveram no local e registraram a obra que desfigurou um patrimônio histórico de mais de dois séculos e meio.
Segundo ofício enviado ao religioso pela superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Melissa Alcides Mota, os serviços não indicados a uma edificação histórica já provocaram “perdas irreversíveis” à autenticidade e integridade da igreja.
“A retirada de todo o reboco interno/externo sem análise prévia, uso de cimento, remoção de piso sem pesquisa arqueológica e a não proteção de elementos integrados à arquitetura (altares, cancelo, ornamentos em cantaria, coro), configuram-se como ações que trazem grandes prejuízos ao bem, comprometendo seus valores históricos artísticos”, ressalta Melissa.
Tombamento
De acordo com ela, a superintendência do Iphan em Alagoas estuda a possibilidade de tombamento federal de um trecho urbano da cidade de Água Branca, poligonal que inclui a Igreja Nossa Senhora do Rosário. No entanto, a descaracterização do imóvel histórico deve comprometer os argumentos em favor do tombamento.
A superintendente também solicitou à paróquia que a obra seja paralisada, e que o município de Água Branca, juntamente com a Arquidiocese de Palmeira dos Índios, procure especialistas em restauro “para avaliar os danos e propor correções visando amenizar as perdas que o bem já sofreu”.