2 de dezembro de 2021 11:28 por Braulio Leite Junior
O que de logo avulta na pequena praça, principalmente diante do visitante curioso pelos aspectos antigos da cidade, é o pedestal encimado por aquela tribuna de pedra de onde um homem discursa, o braço direito erguido, num dos gestos mais clássicos da oratória.
Quem é, ou melhor, quem foi? Poucos passantes, a menos que sejam muito arraigados à história da terra, poderão responder: foi Bráulio Cavalcanti. E acrescentarão:
Um informe vago que já pertence à lenda: mataram-no quando discursava. Mas já ninguém mais se lembra sobre o quê – talvez política- nem onde. Talvez ali mesmo na praça, quem sabe?
Bráulio Guatimosi Cavalcanti nasceu em Pão de Açúcar, que já teve belíssimo nome – Jaciobá, palavra indígena que significa espelho da lua, mudado por amor à novidade ou em reverência ao lugar comum. Foi um alagoano do século passado, nascido em 14 de março de 1887, filho de José Venustiniano Cavalcanti e de D. Maria Olímpia Cavalcanti. Formou-se em Direito no Recife, em 1911. Sua produção literária ficou na maior parte desconhecida do público e até mesmo os trabalhos que vieram à luz foi após a sua violenta morte na tarde de 10 de março de 1912, na Praça Floriano Peixoto.
Informa o historiador Félix Lima Júnior, em seu livro Memórias de Minha Rua, que ele foi assassinado a tiros, “depois de discutir com o então Secretário de Interior, Tenente Brayner, de um Batalhão de Infantaria do Exército.”
Dos trabalhos publicados são conhecidos: De Paulo Afonso a Palmeira, Maceió, 1914, Tipografia Trigueiros, e o romance O Monstro, saído em folhetins, moda da época, no jornal “O Dia”, de Maceió, órgão literário, noticioso e político, surgido em 9 de abril de 1915, sob a direção do seu proprietário, dr. Barreto Cardoso. “O Dia tinha formato grande e nele escreveram Maciel Pinheiro, Mario Wanderley, Arthur Accioly, Américo Mello, Porto Júnior, Jayme de Altavilla e Cypriano Jucá. Como vemos, pela achega de Felix Lima Júnior, Pesquisador cuidadoso dos nossos fatos, Bráulio Cavalcanti não foi morto na praça onde hoje permanece seu busto e não discursava no momento, senão discutia, mas é provável que como tribuno, então empolgado nas lutas políticas que conduziram o Cel. Clodoaldo Fonseca ao Palácio dos Martírios em 12 de junho daquele ano de 1812 para governar Alagoas até igual data em 1915, tivesse morrido agitando o braço. Clodoaldo, é bom lembrar, era filho de Pedro Paulino da Fonseca primeiro governador republicano de Alagoas, sobrinho de Deodoro. Era oficial de artilharia e no amanhecer de 15 de novembro de 1889, apoiando o tio comandava uma das baterias em frente ao Ministério da Guerra para depor o Ministério Ouro Preto.
Agora, quando passarem pela pequena praça, lembrem estes fatos ligados à estátua que ali se ergue. Um pouco de Maceió ela tem.