sexta-feira 19 de abril de 2024

LOVEJOY e WILSON: duas vidas em defesa da biodiversidade

30 de dezembro de 2021 11:02 por Fátima de Sá

DUAS VIDAS EM DEFESA DA BIODIVERSIDADE

O biólogo americano Thomas Eugene LOVEJOY, um dos principais especialistas em floresta amazônica, morreu no último sábado (25/12/2021), aos 80 anos de idade, em Washington. E no domingo (26/12/2021), aos 92 anos de idade, faleceu Edward Osbourne WILSON, considerado uma das principais autoridades mundiais em história natural e conservação.

THOMAS LOVEJOY 

Thomas Lovejoy foi conselheiro ambiental de três ex-presidentes americanos (Reagan, Clinton e George W. Bush), foi conselheiro-chefe do Banco Mundial para biodiversidade, além de ter sido membro honorário da National Geographic, que financiou suas primeiras pesquisas sobre pássaros da floresta amazônica. Por outro lado, ele foi diretor da organização ambientalista WWF (World Wide Fund for Nature¹), dos Estados Unidos, de 1973 a 1987, tendo sido responsável pela orientação científica a respeito das florestas tropicais do hemisfério ocidental.

NO BRASIL

Lovejoy esteve no Brasil para estudar a floresta amazônica desde 1965, e ajudou a fundar o Centro de Biodiversidade da Amazônia e o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, no final da década de 1970. E concluiu seu doutorado pela universidade Yale, em 1971. Seus estudos, visando a interação entre mudanças climáticas e biodiversidade, lhe renderam, em 2012, o prêmio Blue Planet.

Ele foi o primeiro ambientalista condecorado pelo governo brasileiro com a Ordem do Rio Branco, em 1988, e recebeu a Ordem do Mérito Científico, em 1998.

ALERTA SOBRE A AMAZÔNIA

Em 2019, Lovejoy,  diante da gestão ambiental do governo brasileiro, demonstrou preocupação com o futuro da floresta amazônica. Alguns meses antes, ele havia assinado um editorial na revista científica Science Advances, ao lado de Carlos Nobre (climatologista brasileiro), alertando que o desmatamento na Amazônia estava caminhando para o que chamam de ponto de inflexão, a partir do qual os padrões biológicos e climáticos são afetados de modo irreparável[ii].

 

EDWARD WILSON

Por outro lado, Edward Osbourne WILSON, por suas pesquisas como entomólogo, ficou conhecido carinhosamente como “o homem das formigas”.

Edward O. Wilson nasceu em 10 de junho de 1929, em Birmingham, Alabama. Um acidente de pesca na infância – a barbatana de um peixe cortou seu olho, deixando sua visão tão prejudicada que ele não conseguia observar animais maiores à distância – levou-o a estudar animais que poderia observar de perto – formigas. Wilson se formou na University of Alabama e obteve o doutorado na Harvard University, onde lecionou por várias décadas.

BIOGEOGRAFIA INSULAR

Na década de 1980, ele e Robert MacArthur desenvolveram a teoria do equilíbrio da biogeografia insular. Nessa teoria, os autores afirmaram que “o número de espécies nas ilhas equilibra os processos regionais que governam a imigração contra os processos locais que governam a extinção”.

CIÊNCIA & RELIGIÃO

De acordo com a Agência Reuters[iii], “além do trabalho inovador em evolução e entomologia, em seus últimos anos Wilson liderou uma campanha para unir as comunidades científica e religiosa emparelhando um par estranho que ele sentiu ser a melhor chance de preservar a Terra”.

No entanto, ele conseguiu fazer essa união em seu livro “A Criação: um apelo para salvar a vida na Terra”, uma série de cartas escritas a um pregador Batista imaginário em busca de uma aliança ecológica para salvar a Terra.

SOCIOBIOLOGIA

Contudo, um dos seus trabalhos mais polêmicos foi Sociobiology: the new synthesis, de 1975. Nele, Wilson afirmou que todo comportamento humano era um produto da predeterminação genética, não de experiências aprendidas. Seus livros On Human Nature, em 1979, e The Ants, em 1991, levaram-no a ganhar o Prêmio Pulitzer de não ficção. Ele ganhou a Medalha Nacional de Ciência, a maior homenagem científica dos EUA, bem como dezenas de outros prêmios.

GESTÃO PLANETÁRIA

Wilson argumentou que a humanidade precisava fazer mudanças na forma como administrava o planeta. E falou que destruir uma floresta tropical para obter ganhos econômicos era como queimar uma pintura renascentista para preparar uma refeição.

Em 2005, a Fundação Wilson para a Biodiversidade foi estabelecida em seu nome para promover a conservação e, em 2008, Wilson realizou um sonho quando a Enciclopédia da Vida foi colocada online, um site semelhante à Wikipedia projetado para documentar todas as 1,9 milhão de espécies vivas na Terra. Um documentário sobre sua vida, “Herdeiro Natural de Darwin”, também foi feito naquele ano.

BIODIVERSIDADE

Embora, muitos atribuam a Wilson o conceito de diversidade biológica, na verdade, seu idealizador foi o botânico Walter G. Rosen que, em 1986, introduziu o termo BioDiversidade quando idealizou uma reunião com 60 renomados pesquisadores de diversas áreas (biologia, economia, agricultura, filosofia, entre outros) que se encontraram em Washington para discutir a diversidade biológica. Ali ocorreu o Fórum Nacional sobre BioDiversidade, cujos trabalhos foram publicados no livro Biodiversity[iv] que teve como editor o biólogo e naturalista americano E. O. Wilson.

 

[i] Fundo Mundial para a Natureza

[ii] Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/thomas-lovejoy-grande-estudioso-da-amaz%C3%B4nia-morre-nos-eua/a-60259541. Acesso em: 27 dez. 2021.

[iii] Disponível em: https://www.reuters.com/lifestyle/science/obituary-modern-day-darwin-eo-wilson-dies-92-2021-12-27/. Acesso em: 27 dez. 2021.

[iv] WILSON, E.O. (Ed.) Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. [Biodiversity. Washington: National Academy Press, 1988].

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