quinta-feira 28 de março de 2024

Moradores dos flexais cobram transporte escolar para os filhos

Comunidade teme que crianças sofram com mais consequências do isolamento econômico e social

10 de janeiro de 2022 12:35 por Da Redação

Moradores foram recebidos na Defensoria Pública | Assessoria

Moradores do Flexal de Cima e Flexal de Baixo procuraram a Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPEAL) com medo de que seus filhos sejam prejudicados com a falta de transporte escolar, uma vez que as localidades encontram-se isoladas desde que os bairros vizinhos foram evacuados em virtude da mineração da Braskem.

Eles foram recebidos, na última semana, pelo defensor público Ricardo Antunes Melro, coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva (NPC) da Defensoria. Na reunião, o grupo relatou que apenas uma escola estadual disponibilizou transporte para os alunos do ensino médio. Até o momento, eles não sabem qe há ônibus disponíveis para as outras crianças.

Além disso, os pais temem pela segurança das crianças, caso elas tenham que se deslocar grandes distâncias, sozinhas, para irem à escola.

A Defensoria Pública vem acompanhando a situação dos flexais e busca a inclusão da localidade nos planos de realocação e compensação da Braskem. O local sofre em decorrência do isolamento social e econômico gerado pelo esvaziamento das comunidades próximas, em razão da situação geológica provocada pela mineradora.

Realocação é necessidade urgente, diz moradora

Para a moradora Joseane Amancio Hilário, a realocação dos moradores é uma necessidade urgente da comunidade. “Nossa situação é bem mais séria do que parece. Nós temos vários problemas envolvendo essa questão do transporte escolar. Na verdade, as nossas crianças estão sem acesso à escola, temos crianças pequenas, no fundamental 1, que não podem se deslocar para outros bairros em ônibus públicos porque são muito pequenas. As crianças que estudavam em escolas particulares também estão sem acesso à escola, pois, todas as escolas que ficavam próximas fecharam”, conta.

“É um preço que nós não merecemos pagar. Os pais nunca aceitarão que seus filhos vão em ônibus para outros bairros estudar, só os pais de adolescentes. Todas as minhas vizinhas e conhecidas aqui da rua que têm filhos pequenos que estudavam na alfabetização e no fundamental 1 estão desesperadas porque os seus filhos já perderam o ano e não tem mais acesso à escola, nem ônibus escolar tem. E mesmo que tivesse eles não vão deixar os seus filhos irem em um ônibus para outro bairro. Não é seguro”, acrescenta.

Pais de autistas relatam preocupação

Para complicar ainda mais a situação, disse a moradora, como também têm crianças autistas na região e que precisam de um atendimento diferenciado, os seus pais não deixam eles em ônibus escolar. “Antigamente, as nossas escolas eram todas aqui, eles iam para escola juntos andando, iam e voltavam. Nós tínhamos paz. Hoje, não temos mais e o aprendizado dos nossos filhos está prejudicado. Isso não é justo, cadê os direitos das crianças e dos adolescentes? O que diz no Estatuto? A Braskem já feriu esse direito. Os moradores e as crianças em bebedouro estão vivendo no filme de terror. É muito triste, eu como mãe ver essa situação”, desabafa.

De acordo com os moradores, dez escolas foram desativadas no bairro, após os prejuízos causados pela Braskem. São elas: Colégio Batista, Santa Amélia, São Lucas Alagoano, Madre Blanche, CEIMA, Bom Conselho, Alberto Torres, Major Bonifácio, Braga Neto e Rosalvo

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