Particularmente, acho muito interessante quando percebo algo que, aparentemente, foi feito sem maiores pretensões, cujo resultado – quem sabe até por isso mesmo – acaba sendo satisfatório. Aliás, eu sou assim. Exerço essa premissa no que proponho, posto que a minha pretensão é tão somente agradar a mim mesmo. Pois bem, percebi essa atmosfera no livro ‘Sonhos e Paixões’, do paraibano, radicado em Alagoas, Ricardo Ramalho.
São 19 breves crônicas, ambientadas em cidades do interior da Paraíba, nos anos 60 e 70, onde o autor vivenciou sua fase acadêmica e, seguramente, os arroubos dos amores juvenis. O interessante é que cada uma das minicrônicas está linkada a uma música da época, que ambientou sonoramente as cenas nas quais o autor, na imensa maioria delas, vivenciou conquistas e derrotas amorosas, em festas de quermesse e bailes de carnaval. Ricardo Ramalho conta os causos e tece comentários sobre cada uma das canções, o que ajuda a contextualizá-las ao panorama cultural e social da época. Além disso, ele apresenta todas as letras e as internacionais têm tradução para o português.
Confesso que senti falta de os nomes dos compositores não estarem expostos logo após o título das canções. Dessa forma, o leitor teria uma visão completa e precisa sobre cada canção. Cheguei até a pensar: que merda! Mais uma vez os compositores foram relegados ao esquecimento! Porém, queimei o córtex, pois o autor teve esse cuidado e sensibilidade, só que no final do livro, antes do posfácio, no que ele classificou como Referência/Inspiração.
Sonhos e Paixões é um livro que sorvi de uma talagada só, como uma cachaça saborosa, que não se beberica aos pouquinhos, porque sua leveza e sabor propiciam acesso imediato à alma de um tempo lúdico, romântico e até nonsense, tipo uma embriaguez desejada. Foi uma agradável surpresa que o autor me proporcionou e, claro, em total sintonia com o Ricardo Ramalho ativista do meio ambiente.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!