24 de janeiro de 2022 3:14 por Da Redação
Em Alagoas, as praias estão lotadas, bares e restaurantes também. Shows e espetáculos ocorrem normalmente, fingindo respeito às normas sanitárias contra o novo coronavírus, enquanto prefeituras e Estado fazem de conta que fiscalizam.
O resultado desse relaxamento são os números anunciados pelo secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, pelas redes sociais. Segundo ele, somente nesse fim de semana foram confirmados quase dois mil novos casos de Covid-19 no Estado. Já o número de pessoas internadas em UTI subiu de 22 para 89 em apenas um mês – entre 23 de dezembro último e ontem (23).
“A maioria não tomou nenhuma dose ou está com o esquema vacinal atrasado”, alertou o secretário, que anunciou a reabertura de leitos no Estado para atender à crescente demanda.
Boa noite! Confirmamos quase 2 mil casos de Covid-19 neste FDS e pra quem pensa que só temos casos leves, veja esse comparativo: no dia 23 de dez do ano passado, tínhamos 22 pessoas internadas em leitos de UTI.
— Alexandre Ayres (@AlexandreAyresc) January 23, 2022
População relaxa e vírus se espalha
Apesar de a maioria dos municípios e o próprio Estado terem cancelado as festas de carnaval, com base nas recomendações de especialistas em saúde pública, a população relaxou. Nas praias, muita gente aglomerada e muitos ignoram o uso de máscara. O palco armado na orla de Ponta Verde é um contrassenso quando shows são realizados pela prefeitura após o anúncio do cancelamento dos festejos carnavalescos.
Enquanto as autoridades fazem acenos para os produtores de espetáculos, para artistas de grande público e para os empresários da rede hoteleira, simultaneamente, é anunciado o crescimento dos casos de Covid-19. Além disso, os hospitais estão voltando a ficar cheios de pessoas doentes.
Para os gestores públicos, o momento é de aumentar as restrições sem temer a perda de popularidade, que cairá de qualquer jeito com o crescimento do número de mortos pela pandemia. As famílias voltarão a chorar os seus entes queridos que irão morrer caso o liberou-geral continue como política governamental.
Nicolelis destaca importância da dose de reforço
Em entrevista a um portal de notícias nacional, o renomado neurocientista Miguel Nicolelis avisa que não é hora de relaxar. “Temos que manter as proteções, se vacinar, isolar o máximo possível, porque a pandemia não acabou, ninguém tem bola de cristal para dizer quando ela vai acabar. Então não acreditem nas narrativas que a ômicron é leve, que é uma luz no fim do túnel”, afirmou.
As previsões são sombrias. Segundo ele estima, o Brasil pode bater a casa dos 670 mil óbitos até março, ou seja, 50 mil pessoas podem perder a batalha contra o vírus em pouco mais de um mês, caso continuemos com tudo aberto e com aglomerações ocorrendo em vários eventos.
Tomar a dose de reforço, diz Nicolelis, também é fundamental para conter a nova variante do vírus causador da Covid-19. Como os brasileiros começaram a ser vacinados no começo de 2021, os anticorpos vão cair, a titulação de anticorpos vai cair e teremos pessoas suscetíveis ao contágio novamente.
“E foi o que a ômicron está fazendo, ela está explorando as pessoas que não foram vacinadas, as crianças, ela está aumentando a internação de crianças em todo o mundo, inclusive no Brasil. E ela está explorando quem não tomou a terceira dose ainda, porque a queda dos anticorpos das duas doses já ocorreu, já está ocorrendo no Brasil em grandes números. E é por isso que nós temos que fazer tudo para acabar com a transmissão do vírus. É a única forma que nós temos de conter um eventual colapso no sistema de saúde”, explica o neurocientista.