2 de março de 2022 10:13 por Redação
A fotografia que hoje estampamos mostra uma das características do carnaval brasileiro de todos os tempos – o travesti. Na cronologia do carnaval carioca, o mais estudado de todos, situam os pesquisadores o aparecimento dos primeiros travestis no ano de 1907, o autêntico travesti, frisemos, vocábulo francês (do verbo “travesti”, disfarçar), significando o homem em trajes femininos ou a mulher em vestes masculinas.
Modernamente, o vocábulo ganhou mais amplo conceito, abrangendo o mundo “gay”.com muitos dos seus membros permanentes fantasiados o ano inteiro, numa troca definitiva de condição, tanto que difícil se torna, durante o carnaval, distinguir o travesti permanente do travesti periódico. Incidentalmente, lembraríamos, uma das manifestações mais puras do tradicional travesti que vem sendo, todos os anos, o já famoso “Desfile das Virgens” de Olinda, em Pernambuco, na manhã de domingo que antecede ao domingo de carnaval, este ano, foram mais de 400 os desfilantes, primorosamente maquilados e vestidos, apenas por folia, gente de toda idade, muitos deles necessitando de uma boa dose inicial de álcool para enfrentar com garbo os milhares de espectadores que desde cedo invadem a secular cidade.
Na foto de hoje, nesga do passado de um carnaval alegre e descontraídos, vemos cinco notáveis figuras, sendo quatro travestis no melhor estilo. Os dois que aparecem sentados foram para nós identificados como o major” Olímpio (o de óculos escuros), impávida patente do célebre 44 Espada D’ Agua, Corporação que, nos velhos tempos, reuniu os maiores bebedores e foliões da paróquia, e ainda Paulo Peixoto.
Ao lado do travesti, lembraríamos as fantasias mais constantes no carnaval brasileiro, a do Zé Côdea, antepassado do “Sujo” de hoje, fácil de ser caracterizado, pois lhe basta qualquer roupa usada de preferência rasgada, cara pintada com graxa, vermelhão ou alvaiade, muito usada, aliás, pelos foliões mais pobres, que assim se divertem, no mesmo passo; houve a do diabinho, também fácil de fazer e a do dominó, pontificando mais nos salões; muito importante, também, a fantasia de “Velho” calças à inglesa, grande máscara vedando toda a cabeça, bengala na mão direita e na esquerda um inútil monóculo, passos de velho reumático, às vezes, grotescamente acompanhando o ritmo das baterias; por volta de 1908 surgiria o “Bebê”- em Maceió proliferaram muitos grande fralda, mamadeira ou chupeta.
Os primeiros travestis foram acolhidos com escândalo; logo que em 1911, proibia a polícia as fantasias de padre, no ano mesmo em que aparecia o lança-perfume, outra grande proibição, já nos tempos mais recentes, embora sempre apareça um ou outro, ninguém sabe como. Em todos os carnavais, saudamos sempre os verdadeiros foliões da Maceió de ontem, lembrando alguns deles, Juraci Alves, Alipão (Alipio Leite), Rubem Camelo, Saleiro Pitão, Luciano Brito, Paulo Peixoto, Zé Pinto (o José Soares Simons), Santa Rita, Bráulio Leite Júnior, Eudes Jarbas, Valdomiro Breda e Luiz Ramalho (o Rei Momo), omitindo, naturalmente, muitíssimo outros, puros em sua alegria e na espontânea maneira de brincar.