quinta-feira 28 de março de 2024

Braskem: quatro anos da tragédia que ainda gera sequelas para milhares de famílias

São 14. 419 imóveis residenciais e comerciais destruídos e mais de 65 mil pessoas que tiveram de se mudar

4 de março de 2022 10:49 por Da Redação

Crime segue impune e gera revolta na população | Foto: Favela em Pauta

Nessa quinta-feira, 3 de março, completaram-se quatro anos do dia em que a terra tremeu no bairro do Pinheiro, em Maceió. Nesta data, em 2018, o Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) informou que o terremoto foi de 2,5 pontos na escala Richter.

Desde então, outros tremores ocorreram com menor intensidade, mas, em 5 de novembro de 2021, um abalo sísmico de  magnitude 1,41 no Mutange foi sentido por moradores do Pinheiro, bairro vizinho.

De acordo com informações do coordenador da Defesa Civil Municipal, Abelardo Nobre, às 11 horas e 23 minutos, ele recebeu uma ligação de um engenheiro do órgão, avisando sobre o tremor. “Nossos instrumentos apontaram que ocorreu entre 180 e 120 metros de profundidade. Ele ocorreu bem próximo à antiga casa de saúde José Lopes. Ocorreu numa sonda da Braskem”, esclareceu Nobre.

A área afetada pelo crime da Braskem, que extraiu sal-gema do solo de maneira irresponsável, atinge os bairros de Bebedouro, Mutange, Bom Parto, Pinheiro e parte do bairro do Farol. São 14. 419 imóveis residenciais e comerciais destruídos e mais de 65 mil pessoas que tiveram de se mudar para outros bairros da cidade e, até mesmo, para cidades do interior de Alagoas.  As atividades comerciais foram extintas e os 4.173 empresários fecharam o seus negócios.

Foto de 1974 mostra construção da planta de cloro-soda, no Pontal da Barra

O início

O Brasil estava submetido à ditadura militar (1964-1985) quando a Salgema Indústrias Químicas foi instalada na restinga do Pontal da Barra. Entre o final de 1975 e junho de 1977, foi construído o Terminal Marítimo da Salgema, instalado a poucos metros da planta industrial. O processo de produção comercial tem início em fevereiro de 1977 e a unidade de dicloretano, em 1979.

A promessa de redenção econômica de Alagoas foi a propaganda lança pelos militares e endossada pelos governadores da época. A Salgema Indústrias Químicas empregaria milhares de alagoanos. Um ex-secretário do Planejamento quantificou: A Salgema vai gerar mais de 100 mil empregos. Essa e outras mentiras foram transformadas em propaganda oficial. A Fake News da época.

De Salgema, a empresa passou a se chamar Trikem e, a partir de 2002, foi rebatizada como Braskem.

A exploração do sal-gema foi realizada com tamanha irresponsabilidade que, 41 anos depois, a cidade de Maceió é vítima do maior crime ambiental em área urbana do mundo. Os técnicos afirmam que o crime ainda continua em andamento.

Linha do Tempo

1976 – Início da Extração de Sal-Gema

1996- Mudança de nome – Com a troca de administração no ano anterior, a petroquímica Salgema passa a se chamar Trikem.

2002 – Início da Braskem – A Trikem se funde com outras empresas do setor e daí surge a Braskem, que incorporou as operações existentes em Maceió (AL).

2012 – Inauguração do Polo Industrial – A Braskem inaugura no Polo Industrial de Marechal Deodoro, cidade vizinha a Maceió, sua fábrica de PVC, e se torna a maior produtora desse polímero das Américas.

2018 – Dia 3 de março de 2018 acontece o primeiro terremoto em Maceió.

2019 – Início dos Estudos de Sonares – A Braskem começa uma rodada de estudos de sonares nos seus poços de sal em janeiro, para avaliar as condições de todas as 35 cavidades subterrâneas.

2022 – Mais de 65 mil pessoas foram expulsas de suas casas e empresas. Cerca de 11 moradores suicidam. E a tragédia continua como se fosse uma obra em construção.

Da Salgema à Braskem

Em 45 anos, Alagoas é quem financia a multinacional, segundo dados levantados pelo economista Elias Fragoso. O PIB do setor químico alagoano é menor do que 1% do PIB de Alagoas e a participação da Braskem no PIB de Alagoas é ainda menor que 1%.

Os empregos gerados pela Braskem em Alagoas equivalem a 0,14% do total estado.

A Braskem, antes a Salgema Indústrias Químicas, gozou e continua a gozar de amplos incentivos fiscais.

O Sindicato dos Fiscais de Renda (Sindifisco) acusa a Braskem de “gozar de forma ilegal de 92% de benefícios fiscais e como exemplo afirma que se a empresa tiver de pagar R$ 100 de tributo, graças aos benefícios tributários pagará apenas R$ 8”.

O Núcleo Alagoano de Auditoria Cidadã da Dívida divulgou um documento intitulado ‘DINHEIRO DO POVO É PARA O SERVIÇO PÚBLICO E NÃO PARA OS RICOS’. Nele, consta que “a cada ano, a perda de receita aumenta. Em 2021, a renúncia é de R$ 1,3 bilhão; em 2022, mais R$ 1,6 bilhão; em 2023, mais R$ 1,6 bilhão; e 2024, será de R$ 1,8 bilhão”.

O tesouro estadual é quem financia a Braskem. Essa é a realidade dura escondida da população.

Ironia da Braskem

O site da empresa anuncia: A prioridade da Braskem é a segurança dos moradores, comerciantes e empresários dos bairros atingidos pelo fenômeno geológico em Maceió, propondo e realizando ações com essa finalidade. Não é isso qje tem sido posto em prática. Milhares de pessoas seguem sem receber indenizações justas, equivalentes aos prejuízos materiais e emocionais que ainda hoje sofrem nesses quatro anos de desmandos.

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