sábado 27 de julho de 2024

Florestas de postes, Senhor Prefeito?

Dois tipos de poluição são pouquíssimos considerados, pelo Poder Público, em nossa capital: visual e luminosa. Por terem características de difícil percepção e insidiosas, passam despercebidas da população

11 de abril de 2022 10:47 por Ricardo Ramalho

Ecovia Norte: floresta de postes | Divulgação

As cidades têm procurado aproximar suas paisagens aos contornos e cores da Natureza. Essa tendência mundial revoluciona conceitos paisagísticos e de convivência dos seus habitantes com as mais diversas formas de vida, na busca de um equilíbrio ecológico. De forma sutil, se combate a soberba dos humanos, o estúpido sentimento de que somos a espécie viva mais importante do Universo, que nos domina. Somos, em verdade, fios de um mesmo tecido vital. Pode-se definir esse crescente comportamento coletivo como exaltação à vida.

Maceió se valoriza por suas indiscutíveis belezas naturais de suas águas, areias, corais, diferentes altitudes. Detalhes como a formação de barreiras e falésias coloridas por argilas multicores, contribuem, também, para esses atributos. Nesse conjunto se encontram as árvores, ornando de maneira singular esses cenários e como poetizou Noaldo Dantas: “as praias deverão ser fascinantemente belas, sob a vigilância de altivos e fiéis coqueiros”. Desprezar esses elementos que, alegremente, nos cumprimentam com seus movimentos de ramos e folhas é demonstrar insensibilidade com a vida.

Asfalto, cimento, postes, Senhor Prefeito, muitas cidades dispõem, aos montes. São fáceis de “plantar” e requerem pouca manutenção. Evidente que são essenciais à vida moderna, mas, devem ser usados com parcimônia, através de estudos e planejamento adequados.

Dois tipos de poluição são pouquíssimos considerados, pelo Poder Público, em nossa capital: visual e luminosa. Por terem características de difícil percepção e insidiosas, passam despercebidas da população. Pelo que se observa, nas últimas intervenções urbanísticas da Prefeitura, repete-se a supremacia de uma visão de mundo atrasada, da dominação do cinza sobre o verde, da simplificação e monotonia da paisagem, do exagero da iluminação artificial, um verdadeiro mergulho no obscurantismo paisagístico.

Exemplos se sobressaem nessa absurda conduta pública. Uma é a supressão de árvores e, sobretudo, dos jardins que embelezavam o canteiro central da Avenida Fernandes Lima. Aquela artéria, que aos poucos se transformou em um cartão postal da principal entrada da cidade, sofreu uma devastação em suas áreas verdes, substituídas por concreto, de funcionalidade e objetivos duvidosos. Perde-se beleza, oxigênio, vida e ganha-se calor, mesmice, poluição sonora e visual.

Outro ecocídio se comete na Ecovia Norte, importante via, em construção. Um amplo canteiro central, com seus seis quilômetros de extensão, onde deveria ser executado um rico e bonito paisagismo, está sendo ocupado por centenas de postes, centenas mesmo! São mais de 400 postes, interligados por fiação subterrânea, que dificultará, sobremaneira, a convivência com plantas. Temos assim, uma inusitada “floresta de postes”, poluindo a majestosa vista de nosso mar. Uma dominação angustiante da cegueira urbanística que assola nossa capital e seus exuberantes dotes naturais.

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