segunda-feira 14 de outubro de 2024

O golpe militar em Alagoas: a resistência dos advogados. (Final)

O impedimento do exercício da profissão chegou ao extremo com ameaças explícitas ou veladas, prisões e sequestro, tortura e assassinatos de advogados.

11 de abril de 2022 3:21 por Geraldo de Majella

 

José Costa e Geraldo de Majella. Foto: Edberto Ticianeli

 

O papel dos advogados na defesa de presos e perseguidos políticos durante a ditadura militar (1964-1985) deve ser ressaltado, pois esses profissionais, de um modo geral, portaram-se com coragem, compromissados com o Estado de Direito; além disso, demonstraram bravura no enfrentamento à tortura, às mortes e aos desaparecimentos de centenas de presos políticos.

O acompanhamento pelos advogados dos processos e dos presos em audiências, desde os primeiros dias do mês de abril de 1964, enfrentou obstáculos colocados pelos golpistas. O impedimento do exercício da profissão chegou ao extremo com ameaças explícitas ou veladas, prisões e sequestro, tortura e assassinatos de advogados.

Passados 58 anos do golpe militar, é importante deixar registrado os nomes dos advogados que correram todos os riscos − juntamente com os seus clientes −, para que as futuras gerações tomem conhecimento daqueles que lutaram pelo Estado de Direito e defenderam com dignidade os seus clientes.

Ainda não se sabe o número exato de presos políticos em Alagoas de 1964 a 1985, mas dos nomes dos advogados é possível lembrar e deixar registrado.

José Verres Domingues

O presidente da OAB/AL, José Verres Domingues, no período mais duro do regime militar deslocou a OAB da posição de apoio à ditadura e se posicionou em defesa dos presos políticos, correndo todos os riscos. A OAB/AL não havia esboçado qualquer defesa ou solidariedade aos advogados presos, a saber: José Moura Rocha, Jayme Amorim de Miranda e Sebastião Barbosa de Araújo.

O advogado José de Oliveira Costa, desde o primeiro instante, atuou na defesa de presos em Alagoas. José Moura Rocha, advogado do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), foi preso nas primeiras horas do dia 1º de abril, e contou com assistência de José Costa, dezenas de presos contaram com o trabalho profissional em Maceió e em Recife.

Luiz Gonzaga Mendes de Barros atuou em Maceió e na 7º auditoria militar da 4ª Região em Recife, onde defendeu o líder comunista Rubens Colaço Rodrigues, o engenheiro Valter Pedrosa e o estudante Ronaldo Lessa, entre outros.

A defesa dos estudantes e irmãos Fernando e Jeferson Costa, dos camponeses de Pariconha e da assistente social Maria Lúcia de Souza foi feita por Benjamim das Neves, Antônio Aleixo Paes de Albuquerque, José Fernando (Tourinho) de Lima Souza e Maria Lígia Jablonka Jannuzi.

José Moura Rocha ( Beca) e Antônio Aleixo, Arquivo de Geraldo de Majella

Mércia Albuquerque Ferreira, pernambucana, de família alagoana de São José da Lage, onde passou a infância e adolescência, exerceu a advocacia em Recife antes do golpe, mas a partir do dia 2 de abril mergulhou em definitivo na defensa de presos políticos. De início, foi o líder comunista Gregório Bezerra, quando se deparou com a cena dantesca em que o tenente-coronel Darcy Viloque Viana o arrasta amarrado, com uma corda pelo pescoço, e o puxa com um carro do exército pelas ruas do bairro de Casa Forte. Em decorrência de sua atividade profissional foi presa 12 vezes. Esses nomes não podemos esquecer.

 

Please follow and like us:
Pin Share

Mais lidas

Cultura reúne artistas musicais para novo cronograma do 6º Festival Em Cantos de Alagoas

11 de abril de 2022 3:21 por Geraldo de Majella A Secretaria de Estado

TRE proíbe motorista de aplicativo de colar adesivo de candidatos

11 de abril de 2022 3:21 por Geraldo de Majella Veículos cadastrados em aplicativos

Eleições 2024: cresce em 78% o número de eleitores menores de 18 anos

11 de abril de 2022 3:21 por Geraldo de Majella Por Iram Alfaia, do

Eleitores vítimas da Braskem são orientados a buscar novos locais de votação

11 de abril de 2022 3:21 por Geraldo de Majella A mineração predatória que

11 de abril de 2022 3:21 por Geraldo de Majella   Dados de Projetos

Senador vê desprendimento na renúncia de Joe Biden

11 de abril de 2022 3:21 por Geraldo de Majella O senador alagoano Renan

Técnicos da Ufal avaliam proposta do governo para por fim à greve que pode chegar

11 de abril de 2022 3:21 por Geraldo de Majella   O Sindicato dos

Além da pressão dos aliados, JHC tem agora que enfrentar ação no MP por R$

11 de abril de 2022 3:21 por Geraldo de Majella Na busca para reeleger-se,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *