3 de junho de 2022 11:37 por Mácleim Carneiro
Tenho a impressão de que facilmente encontraremos os pilares dos segmentos toscos da nossa construção social que, obviamente, seria um contrassenso se fossem únicos. Como ponto de partida, capaz de justificar a eidética da raiz comportamental do alagoano típico, basta observar, ao longo dos séculos, os vários exemplos de personalidades talentosas, cuja originalidade de suas propostas e luz própria os obrigou ao autoexílio, pois, para a estrutura provinciana, a independência dos que assumem propostas diferentes dos modismos bitolados, de fato, deve incomodar. Até porque, aparentemente, expõe a incapacidade coletiva para o entendimento e acolhimento de algo propositivo, com conteúdo de real valor e, paradoxalmente, desperta na mediocridade um processo tanatofóbico do estabelecido.
Desemburrecer
Portanto, apesar de estranho, é até compreensível que continuemos insistindo no mesmo erro e padecendo do mesmo mal. De Jorge de Lima ao Mestre José Pereira (que, sem guarida, levou daqui seu Caboclinho Sete Flechas e hoje é o mais famoso caboclinho de Pernambuco), passando por Graciliano Ramos, Lêdo Ivo, Octavio Brandão, Hekel Tavares, Jacinto Silva, Djavan, Hermeto, Fernando Melo, Martha Araújo, Nise da Silveira, Sadir Cabral, Jofre Soares, Edgar Braga, Arthur Ramos e tantos outros alagoanos originais e talentosos, ainda não desemburrecemos e, como os animais quando arrelhados com tapa olho, permanecemos com a visão reduzida e só valorizamos nosso umbigo através da visão e opinião alheias.
Porém, existe uma singular exceção, cuja originalidade (se é que podemos chamar assim) é reconhecida e aclamada pela hipocrisia provinciana. Essa, facilmente extrapola nossas fronteiras, adquirindo a rejeição nacional. Sim, são eles mesmos! Acertou quem pensou nos políticos alagoanos. A verdade é que somos uma poderosa “usina” de gerar fatos e políticos dignos da expressão a que chegaram os poderes constituídos em Alagoas e, certamente, na proporção exata ao merecimento das consciências de aluguel. Aliás, a temporada já está começando!
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!
1 Comentário
Com sua licença, vou contestar sua tese caro músico. Os que se foram, foram pq a vida ($$$ e fama) acontecia na capital do Império, depois capital federal. Quem sabe tivessem ficado, teríamos construído outra sociabilidade. Quem sabe, se tivessem se importado mais, não tivéssemos gerado os políticos infames que nos povoam e assombram. Mas, estou contente, ficaste tu e tantos outros ficaram. Isso me anima; sabendo que outro mundo não se faz apenas com personalidades talentosas, mas com povo politizado que toma a vida nas próprias mãos. Vambora que a coisa tá feia!