23 de junho de 2022 1:22 por Mácleim Carneiro
Reza a lenda – e Paulo Freire também –, que o diabo descia os rios tocando uma viola com uma afinação diferenciada e tão envolvente que fazia com que as mulheres fossem seduzidas ou mesmo enfeitiçadas. Elas se emocionavam tanto, que até choravam e seguiam o diabo onde ele fosse, até sumir.
Os violeiros, ao ouvirem o tocar e os devorteios do diabo, aprenderam a afinar seus instrumentos na mesma escala e também foram enfeitiçados pelo demônio. Daí, em muitas regiões, o diabo é considerado o maior violeiro que já existiu.
A crença explica a quantidade de histórias de violeiros que teriam feito pacto com ele para tocar bem. Entretanto, as crendices afirmam que o violeiro que faz esse tipo de pacto não vai para o inferno, já que todos no céu querem bons violeiros por lá.
Todos no céu e por aqui também, desde que seja um Paulo Freire, sobretudo, com o álbum ‘Alto Grande'(foto), como se fora uma caixa mágica de encantamentos desse artista extraordinário e peculiar em sua obra e expressão.
Com o seu “vai ouvindo, vai ouvindo”…, ele vai nos encantando e até parece que também fez a simpatia da cobra-coral, ou rezou na Sexta-feira Santa nos túmulos de violeiros.
Seja como for, o fato é que violeiros contadores de causos, como Paulo Freire, são simplesmente maravilhosos na arte de tocar suas violas e encantarem a quem os escuta.
‘Alto Grande’ é um álbum que revela o violeiro Paulo Freire em seu mais perfeito amálgama entre o causo e a música.
Como escritor de excelente cepa, ele criou belas histórias e narrativas que se encaixam como uma luva aos propósitos da viola e da canção.
O álbum tem 12 faixas, que saltam de galho em galho, como uma patativa ou curió de repetição que não se repete.
Assim, nos contempla com temas instrumentais, músicas tradicionais brasileiras e a deliciosa Bom Dia (Swamir Júnior e Paulo Freire), já bastante conhecida nas vozes de Zizi Possi e Virgínia Rosa.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!???