19 de dezembro de 2022 5:29 por Da Redação
Por Luís Nassif
É inominável o que está ocorrendo com a jornalista Vera Magalhães, depois que se tornou alvo de Jair Bolsonaro. Mas é curioso analisar seu comportamento quando estava do lado escuro da força.
Vera foi contratada pela Folha. A mídia estava a pleno vapor, praticando assassinatos reiterados de reputação contra qualquer pessoa que questionasse suas posições. Jornalista de futuro era o que se habilitasse a fuzilar colegas críticos da mídia.
Vera tornou-se editora de Poder da Folha.
Por aqueles dias, eu tinha um programa na TV Cultura. Inesperadamente, meu contrato foi rompido por Paulo Markun, então presidindo a Fundação Padre Anchieta, devido a críticas que fiz ao então governador José Serra, pelos abusos de campanhas publicitárias da Sabesp no Nordeste. As críticas saíam no meu blog.
Na verdade, foi uma iniciativa individual de Markun. Terminava o mandato de Serra, mas ele teria condições de nomear o presidente da Fundação Padre Anchieta para o próximo período. O então Secretário de Cultura João Sayad era o favorito. Mas Markun queria mais um mandato e tomou a iniciativa da demissão por conta própria, descontentando o próprio Serra, conforme me revelou Sayad na ocasião.
Na época, em toda eleição do Comunique-se eu vencia ou era finalista nas categorias Jornalismo Econômico Impresso ou Televisivo.
Fui procurado, então, pela Helena Chagas com uma proposta para um programa semanal e comentários diários na TV Brasil. Aceitei.
Por esses tempos, formava-se uma nova geração de jornalistas, alguns extremamente ambiciosos, dispostos a qualquer coisa para subir na carreira. Para contentar a Folha, Vera preparou uma reportagem “denunciando” que eu havia sido contratado sem licitação. Era total falta de senso. Se a TV Brasil pretendia contar com meu trabalho e minha imagem, licitar o quê? Se haveria outro jornalista para ser Luis Nassif?
A falta de senso se consumou quando Vera pautou uma repórter para ouvir a Fundação Padre Anchieta sobre a contratação de comentaristas. A resposta óbvia é que não existia essa modalidade de contratação por licitação.
Vera cortou essa explicação da matéria e manteve e “denúncia”.
Mesmo furada, a denúncia deu trabalho. Seguidor subalterno de José Serra, o deputado Roberto Freire ameaçou convocar Helena Chagas para explicar a contratação. Só parou quando um assessor do Congresso, indignado com a baixaria, me encaminhou uma relação de quase dez funcionários do Congresso que trabalhavam para projetos pessoais de Freire.
O estrago não ficou nisso. Precipitou o abandono de minhas causas pela minha advogada Tais Gasparian, já que a “denúncia”, por mais improvável que fosse, refletia a vontade e a autorização de Otávio Frias Filho.
Assim como os oportunistas da campanha do impeachment de Collor, aqueles tempos tenebrosos legaram uma geração de jornalistas extremamente ambiciosos. A lealdade política permitiu a Vera ser contratada para ancorar o Roda Viva, na mesma Fundação Padre Anchieta, e sem necessidade de licitação.
Mas nem esse passado pode justificar os ataques que está sofrendo. Aliás, cada ataque bolsonarista ajuda a passar a limpo uma biografia polêmica.
Algumas manifestações de Vera Magalhães:
Sobre a morte de dona Marisa.
Case com alguém que não vá fazer um comício no seu velório quando chegar a hora.
— Vera Magalhães (@veramagalhaes) February 5, 2017
Sobre a coluna de Guilherme Boulos na Folha.
A Folha vai manter o Guilherme Boulos entre seus colunistas? Uma coisa é pluralismo. Outra é banditismo puro e simples.
— Vera Magalhães (@veramagalhaes) December 14, 2016
Sobre as agressões sofridas pela caravana de Lula.
Tomei porrada de alguns porque pontuei a contribuição da colonista para q o país chegasse ao ponto que chegou, mas repudiei a agressão. Ela jamais repudiou agressões a Dona Marisa, a Dilma, a Lula sendo alvejado por balas no ônibus no interior do RS. O histórico dela fala por si!
— Dudu Amorim ? (@dudu_amorim) September 14, 2022