sexta-feira 19 de abril de 2024

Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental: Uma ferramenta de Denúncia e Resistência

A gente tende a se importar mais com o que vê e conhece.

20 de novembro de 2022 9:48 por Da Redação

 

 

Professor Guilherme Demétrio. Fotografia de Adriano Arantos.

 

Por Maria Tereza Pereira

 

A cidade ribeirinha de Penedo, localizada ao sul de Alagoas, divisa com Sergipe e margeada pelo São Francisco, com sua peculiar geografia e seu histórico complexo arquitetônico, esteve desde 14, apresentando palco de uma programação reunindo quatro consagrados eventos do cinema alagoano (Festival de Cinema Universitário de Alagoas e Encontro de Cinema Alagoano; Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental, e Festival do Cinema Brasileiro), o encerramento destes importantes eventos é neste domingo, 20 de novembro, quando será concluída a 12ª edição do Circuito Penedo de Cinema.

082 Notícias conversou com Guilherme Ramos Demétrio Ferreira. Doutor em Ecologia Aplicada, professor adjunto I da Universidade Federal de Alagoas, responsável pela Curadoria do 9º Festival Velho Chico de Cinema Ambiental e nos fala sobre a linguagem cinematográfica como importante ferramenta de conscientização ambiental.

1. (082) Professor Demétrio, em meio a realidade visível de grandes de grandes áreas de vegetação nativa destruída em todo Brasil, destruição de rios importantes como o São Francisco, como a linguagem cinematográfica pode contribuir sendo importante ferramenta pedagógica, fomentando a conscientização ambiental?

 

Demétrio Guilherme – A arte é um importante caminho de sensibilização. A gente tende a se importar mais com o que vê e conhece. Nesse sentido, o cinema é capaz de nos aproximar de questões que antes eram distintas ou desconhecidas para grande parte do público em geral, permitindo abrir canais de comunicação e diálogo sobre graves questões ambientais que se desenham no mundo atual.

2. (082). As autoridades governamentais praticamente fecharam os olhos nos últimos anos para acontecimentos que afetam gravemente a população. Temos aqui em Maceió, um gravíssimo acidente provocado que impactou enormemente famílias, comerciantes e o meio ambiente, atingindo diretamente os bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Bebedouro, abrangendo as comunidades dos Flexais, Marquês de Abrantes e Vila Saem. Documentários como A Braskem Passou Por Aqui: A Catástrofe de Maceió, alcançam a grande maioria da população? Como alertar mais os habitantes sobre desastres antrópicos?

Demétrio Guilherme – Na minha opinião ainda temos dificuldades em fazer com que produtos audiovisuais de alta qualidade, como os que se apresentaram na Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental, cheguem até a população em geral. Nesse sentido, nossos esforços se concentram na parceria com as escolas de Penedo, que todos os anos enchem a sala com essa juventude cheia de vontade de aprender. Acreditamos que isso pode gerar uma cascata de informações, levando em conta que esses mesmos jovens são excelentes multiplicadores de conteúdo.

Penedo. Fotografia de Paula Fernandes

3. (082). Como os documentários audiovisuais fomentam conteúdos e ferramentas que estudantes e a população em geral podem ter acesso?

Guilherme Demétrio – O cinema ambiental é e tem sido uma ferramenta de denúncia e resistência. Todos os anos várias obras que apresentam a crescente necessidade de preocupação com as ameaças ambientais em nosso país são apresentadas no festival Velho Chico de Cinema Ambiental. Todas as sessões são públicas e gratuitas, visando aumentar a possibilidade de participação da população nessa atividade.

4. (082) Maceió perdeu 17 (dezessete) hectares de manguezal. De que maneira esse dano sofrido no Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba poderia ser produzido em audiovisual como ferramenta pedagógica?

Guilherme Demétrio – O cinema ambiental é versátil e muito potente. Numa situação como essa são inúmeros os caminhos que podemos tomar para explorar a situação até a criação de histórias ficcionais que se desenvolvam no âmbito da temática ambiental, que se queira trabalhar. O mais importante é que tanto o embasamento audiovisual como o teórico em ecologia e meio ambiente sejam robustos e atualizados.

5. (082). Flagrantes ausência de licença ambiental, desmatamentos, destruições de habitats naturais, dentre tantas questões, quais alertas sobre crimes ambientais você destacaria?

Guilherme Demétrio – Atualmente a perda e fragmentação de habitats, a introdução de espécies exóticas invasoras, a superexploração de recursos, a poluição e as mudanças climáticas globais são as principais causas de perdas de espécies e degradação ambiental no planeta. É importante entender que não é possível destacar apenas uma delas, por que todas atuam em conjunto, não sendo exclusivas. Nosso olhar precisa ser alargado nesse sentido, para que tenhamos capacidade de trabalhar em frentes amplas que tenham efeito real sobre essas ameaças.

6. (082). Quais principais fatores que resultam no constante assoreamento do Rio São Francisco? Que outros problemas ambientais afetam o equilíbrio do Rio?

Guilherme Demétrio – Com relação ao assoreamento, a retirada da vegetação ciliar é uma das principais causas, além da mudança do fluxo natural do rio com a presença de tantos barramentos que ocorrem ao longo do nosso Opará, o nome pela qual as grandes nações indígenas chamavam o São Francisco antes da invasão dos europeus. Além desses problemas, o rio enfrenta muitos outros como o descarte inadequado de efluentes, a sobrexploração de sua água para projetos de irrigação e abastecimento e a descarga de resíduos sólidos.

(*) Colaboração de Maria Tereza Pereira

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