quinta-feira 25 de abril de 2024

Dos livros que li – As doenças do Brasil ((Valter Hugo Mãe)

A enfermidade atávica do Brasil e seus sintomas recorrentes aos tempos atuais, são ressignificados liricamente por Hugo Mãe

23 de dezembro de 2022 1:46 por Mácleim Carneiro

 

Valter Hugo Mãe. www.fronteiras.com

 

Aos poucos vou tirando o atraso na leitura da obra do escritor português Valter Hugo Mãe. Dessa vez, ‘As Doenças do Brasil’, seu mais recente livro, lançado pela Biblioteca Azul, me proporcionou uma leitura bastante curiosa, intrigante e inesquecível. Não que o autor tenha mudado o seu estilo lírico e refinado, porém, Hugo Mãe utilizou uma nova linguagem, sem abrir mão de sua força descritiva, mas com uma pegada diferente, por exemplo, do excelente Homens Imprudentemente Poéticos.

Como o título sugere, embora personagens e a comunidade retratadas não existam, foi no Brasil, seus povos originários e os negros escravizados, que Hugo Mãe encontrou o arcabouço para tecer, à sua maneira e linguagem poeticamente rebuscada, uma narrativa repleta de originalidade e poeticidade, que nos induz ao inevitável paralelo à prosa de Guimarães Rosa. Harmonicamente, personagens e natureza se amalgamam e relativizam-se em nomes que simbolizam a origem, as interrogações existenciais e os conflitos de cada um. Assim, Honra, Boa de Espanto, Meio da Noite, Altura Verde, Pé de Urutago são abaetês protagonistas, em sintonia com expressões adjetivas como Feminina, Feios e Feras, numa construção linguística onde “nenhum vagar se salva de ser um pouco de ilusão.”

Fatos históricos, que caracterizam a enfermidade atávica do Brasil e seus sintomas recorrentes aos tempos atuais, são ressignificados liricamente por Hugo Mãe, sem, no entanto, perder o impacto psicológico do que ainda é cruel e bárbaro aos nossos povos originários e ao povo negro, escravizado pelo branco. Afinal, como o autor escreveu em suas considerações derradeiras, “sermos daqui ou dali não obedece ao lugar do corpo. A cultura naturaliza-nos de outro modo e é mestiça. É identidade de um pouco de cada coisa e quem é só de um lugar é pobre porque nenhum lugar é inteiro.” Hugo Mãe nos proporciona, nessa bela obra, uma leitura rica em trilhas, que nos conduzem às reflexões internas e perceptíveis ao sentido implícito à condição humana em suas entrelinhas.

No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!

 

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