6 de janeiro de 2023 9:11 por Geraldo de Majella
O primeiro dia do presidente Lula no Palácio do Planalto teve um registro bizarro. As portas estavam trancadas e as chaves não foram encontradas. O antigo inquilino, numa atitude de profundo desgosto e irascível, armou essa situação inusitada.
Bolsonaro, os militares que o cercavam no dia a dia, nunca tiveram a dimensão exata do que é a Presidência da República. Entrar e sair do palácio era como eles estivessem indo ao Rio das Pedras, localidade periférica da cidade do Rio de Janeiro, base da milícia onde se supõe que ele tem negócios e relações das mais diversas com um sem números de criminosos.
Algo semelhante ao comportamento, em Alagoas, do governador Silvestre Péricles de Góis Monteiro, da linhagem oligárquica cujo condutor era o todo-poderoso general Pedro Aurélio de Góis Monteiro – que entre outros cargos na República foi Ministro da Guerra e senador eleito pelo estado de Alagoas, sem que nunca tenha vindo fazer campanha por um dia sequer.
O clã dos Góis Monteiro era formado por quatro irmãos: Pedro Aurélio, Silvestre, Edgar e Ismar de Góis Monteiro, dividido pessoal e politicamente. O bloco formado por Silvestre e Pedro Aurélio, nas eleições de 1950, apresentou como candidato a governador Luiz Campos Teixeira.
A oposição formada pela UDN lançou o jornalista Arnon de Mello, que é pai do ainda senador Fernando Collor de Mello. A campanha foi uma das mais violentas da História de Alagoas, tendo ocorrido vários assassinatos, entre eles, a chacina que vitimou membros da família Malta, na cidade sertaneja de Mata Grande. Esse crime foi ordenado pelo governador Silvestre Péricles.
Se não bastassem as tragédias e os rastros de sangue, o governador Silvestre Péricles de Góis Monteiro, insatisfeito com o resultado eleitoral, cujo aliado foi derrotado pelo jornalista Arnon de Mello, seu figadal inimigo, não passou a faixa ao vencedor.
Abandonou o Palácio dos Martírios, mas, antes, cometeu mais uma das suas barbaridades salpicando as paredes internas do palácio com excremento fecal.
Silvestre, assim como Bolsonaro, era político autoritário e sem compostura para exercer cargos públicos ou transitar, socialmente, entre pessoas civilizadas.
O governador eleito, Arnon de Mello, em face da sujeira causada no palácio, que à época era residência oficial, somente entrou para trabalhar e morar depois que o prédio foi limpo.
1 Comentário
Pedaços importantes da História que revelam o caráter de certos políticos.