16 de janeiro de 2023 12:19 por Mácleim Carneiro
Quando o indiano/britânico George Orwell, que na verdade se chamava Eric Arthur Blair, escreveu ‘A Revolução dos Bichos’, entre os anos 1943 e 1944, apresentou o seu pensamento ideológico, por meio de uma bela fábula distópica, onde os bichos de uma fazenda promovem uma revolução, expulsam o dono, Sr. Jones, assumem o controle e criam uma “organização social”, que Orwell denominou de Animalismo e corresponderia ao Socialismo. Dessa maneira, os personagens protagonistas, todos animais, têm referências comportamentais assemelhadas aos líderes do regime da antiga União Soviética, contemporâneos de George Orwell.
Reza a lenda, que o autor teve a inspiração para sua obra quando se deu conta de que o ser humano é capaz de domar e comandar os animais só porque eles, apesar de mais fortes, não têm consciência de que estão sendo dominados. Portanto, nada mais contemporâneo e similar à relação estabelecida entre patrões e o proletariado, que jamais será justa, sobretudo, no capitalismo e alguns regimes políticos.
Psique Humana
Velho Major, o porco mentor da revolução, certamente encarna a figura de Karl Marx. Napoleão, outro porco, que se torna o líder e ditador, mimetiza muito bem a personalidade de Stalin. Bola de Neve, um porco do staff da fazenda, seria Trotsky. O cavalo Sansão é a triste representação dos trabalhadores comprometidos com o sistema, explorados, mal recompensados e sugados incansavelmente. As ovelhas, lembram o gado bolsonarista, são propagadoras do regime e massa de manobra ideológica. Mimosa, uma égua vaidosa, é a cara da burguesia brasileira em Miami e, paradoxalmente, só o burro Benjamim tem a compreensão de tudo, mas, taciturnamente, se mantem ao largo, como se proveito tem uma postura alienada.
Orwell dota-os com todos os componentes da psique humana: ódio, autoritarismo, opressão, exploração… Assim, lançou o seu olhar satírico sobre a realidade do seu tempo, baseado na reflexão sobre questões de liberdade e igualdade social. Como toda boa fábula, caberá ao leitor se deixar envolver ou não, posto que a realidade estará sempre submersa em metáforas e similaridades distópicas ou não. Porém, essa é uma tarefa muito mais pertencente ao autor e seu poder narrativo. Quando o autor é um George Orwell, a viagem e o deleite estarão garantidos a leitores como eu.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!