domingo 10 de novembro de 2024

Crime da Braskem impede famílias de enterrarem seus mortos e lota cemitérios

Professores pedem ao MPF que famílias sejam indenizadas por interdição de cemitério em Bebedouro

11 de fevereiro de 2023 10:55 por Da Redação

Cemitério Santo Antônio é localizado no bairro de Bebedouro | Pei Fon/Secom Maceió

Ex-morador do bairro de Bebedouro, o professor José Balbino dos Santos Filho e a professora mestra da Ufal Neirevane Nunes de Souza acionaram o Ministério Público Federal (MPF) para que sejam tomadas providências contra a Braskem e a Prefeitura de Maceió, no sentido de que as famílias prejudicadas com o fechamento do Cemitério Santo Antônio tenham direito a uma reparação.

Entre as medidas que eles sugerem na representação estão o pagamento de indenizações para que estas famílias tenham condições de adquirir um novo jazigo em outro cemitério; e que a Braskem devolva ao município um novo local para sepultamentos, já que os sepultamentos no Santo Antônio não ocorrem mais há uns dois anos.

O cemitério foi interditado pela Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) por meio de portaria publicada no Diário Oficial do Município de 28 de outubro de 2020. Isso devido aos problemas geológicos causados pela mineração de sal-gema que afetou cinco bairros da capital, entre eles, Bebedouro.

“O Cemitério público de Santo Antônio localizado entre a Travessa Belo Alves e Rua Sabino Romariz em Bebedouro, foi fundado em 20 de fevereiro de 1889 e faz parte do patrimônio cultural do bairro de Bebedouro, com relevante valor histórico. Ele representa uma das principais referências das origens dessa comunidade. Nele estão sepultadas pessoas ilustres do bairro e outras famílias que fazem parte da sua história”, esclarecem os professores no documento entregue ao MPF.

Pelo valor histórico e afetivo, os autores da representação também estão atentos à conservação do equipamento público. De acordo com o documento enviado ao MPF, em setembro do ano passado, a comunidade, por meio do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), encaminhou ao Município um requerimento, acompanhado de abaixo-assinado com mais de 600 assinaturas, com os seguintes pleitos:

  1. A preservação do Cemitério, tornando-o um Memorial, considerando sua relevância histórica para o bairro de Bebedouro e a relação afetiva que as famílias mantêm com este campo santo onde estão sepultados seus entes queridos. Neste sentido, solicitamos a preservação, manutenção e acesso das pessoas aos jazigos de seus familiares;
  2. A remoção facultativa de restos mortais do Cemitério, de acordo com o desejo das famílias em fazer a transferência para outro campo santo;
  3. A criação de um Cemitério para os novos sepultamentos, visto que o cemitério Santo Antônio está interditado, impedindo sepultamentos, causando assim grande transtorno as pessoas que já possuem jazigo neste cemitério e hoje encontram dificuldade em realizar o sepultamento de familiares, diante da superlotação existente nos cemitérios públicos de Maceió;
  4. Ressarcimento das famílias que possuem jazigos no cemitério Santo Antônio e que tiveram que adquirir jazigos em outros cemitérios.

“Os pontos 1 e 2 foram atendidos pelo município, mas os demais pontos que são sobre o novo cemitério e sobre as indenizações referentes aos jazigos, nada foi resolvido”, esclarecem os professores Balbino e Nereivane.

Eles alertam que, além da dor da perda do ente querido, estas famílias são submetidas ao constrangimento e transtorno de não terem onde sepultar seus familiares.

“Essa situação tem impactado seriamente a rede funerária do município de Maceió, que segundo o Coordenador da Sudes, o Sr. Chrystiano Lyra, houve um aumento na sobrecarga em outros cemitérios públicos em 13%, ressaltando que os demais cemitérios já se encontram superlotados. A inutilização do espaço devido ao afundamento de solo obrigou o poder público municipal a construir gavetas até nas áreas de passeio dos cemitérios São José e de Nossa Senhora da Piedade, que recebem a demanda do cemitério Santo Antônio”, denunciam.

A situação tem se tornado insustentável porque, como a cobrança das taxas de anuidade foram suspensas devido à interdição, a construção de mais gavetas para atender à demanda que era do cemitério Santo Antônio tem comprometido o orçamento do próprio órgão gestor.

“A morte é algo imprevisível e as famílias necessitam que a situação do cemitério Santo Antônio seja resolvida com celeridade, para que possam sepultar seus mortos com dignidade”, apelam os autores da representação.

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1 Comentário

  • A braskem , deveria deixar enterrar, os mortes de Maceió, por que o Cemitério São José está super lotado, estão enterrando nos espaços das ruas do cemitério, daqui uns dias vamos andar por cima das covas para fazer um enterro.

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