19 de março de 2023 10:10 por Da Redação
A Associação dos Moradores do loteamento Stela Maris (Astema) reuniu cerca de três mil pessoas em uma manifestação no Corredor Vera Arruda, neste domingo (19), para protestar contra a abertura das ruas no maior parque linear da capital.
A ideia da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), que abriu consulta pública sobre o projeto, é desviar o tráfego pesado pelo meio do equipamento urbano.
Estavam presentes a ex-prefeita de Maceió, Kátia Born, em cuja administração o corredor foi construído; o vereador Valmir Gomes (PT); a ex-deputada Tereza Nelma e a arquiteta Mirna Porto Maia, coordenadora da equipe multidisciplinar que concebeu o Corredor Cultural Vera Arruda.
Esta é a quarta tentativa da Prefeitura de Maceió com o mesmo objetivo. Em todas as outras vezes, os moradores do loteamento Stela Maris e de Jatiúca, Mangabeiras e de outros bairros se uniram em protestos e impediram as mudanças que consideram prejudiciais. A SMTT lançou uma Escuta Pública que gerou insatisfação de moradores e profissionais como a arquiteta e urbanista Regina Dulce Lins, que se manifestou no ato público.
“Estamos aqui juntos em torno da praça que é um bem comum do povo, não é propriedade da prefeitura. A solução do engarrafamento precisa ser construída para a cidade como um todo. Temos que discutir isso no outro fórum, que discuta como a cidade cresce e como vai crescer no futuro, só assim vamos proteger o patrimônio ambiental e cultural”, disse.
Bianca Tartuce, moradora do bairro e integrante da Astema, protestou contra a abertura de mais ruas. “O Corredor Vera Arruda, que se estende do Maceió Shopping até a praia, é atravessado por apenas duas ruas, o que garante integridade e singularidade ao local. O Corredor Vera Arruda é um “refúgio, onde a natureza e a arquitetura convivem em sintonia, representa o que muitos sonham para o futuro da mobilidade urbana em Maceió. A Prefeitura de Maceió, através da SMTT, planeja destruir esse paraíso para dar prioridade ao fluxo de automóveis. Tal decisão afetaria não apenas a qualidade de vida dos moradores do bairro, mas também a imagem e o espírito da própria cidade”, finalizou.
Lobby em marcha
“Mistérios” foram desvendados durante a manifestação. É que alguns empreendimentos imobiliários e hoteleiros adquiriram grandes áreas para construírem apartamentos e um hotel. Esses interesses começaram a mobilizar interesses políticos e econômicos que tendem a sufocar a população, jogando o tráfego pesado e, desta maneira, facilitando a entrada e saída de ônibus de turismo e outros veículos pesados pelas ruas estreitas do loteamento.
O vereador Chico Filho (MDB) é, até o momento, um dos poucos porta-vozes dos interessados em romper com a concepção original do Corredor Cultural Vera Arruda, abrindo caminho para os carros. Sem apresentar qualquer estudo técnico que possa viabilizar essa proposta o vereador defende que “é preciso mudar alguma coisa para dar mais agilidade no trânsito da região”.