27 de março de 2023 3:09 por Ricardo Ramalho
É impossível encontrar um não lugar num boteco. Parece indefinido e ao mesmo tempo repleto de simbolismos. São desses espaços que precisamos. Basta oferecer calidez, alma, aconchego, lembranças aos montes.
Precisa-se de um boteco para completar a graça da vida. Não precisa ser confortável, nem desenhado. Basta ter bancos, até um balcão, caldinhos, bolinhos fritos, guisados e amigos, muitos amigos e amigas. Que nos façam rir, mesmo quando se quer chorar; ouvir histórias, às vezes repetidas, piadas antigas e canções que nos transportem para profundas amizades e quereres.
Não precisa ter elegantes garçons. Bastam donos e donas, sobretudo, com apelidos que nos aproximem e nos tornem íntimos, nas primeiras convivências. Foi assim com Roberto Ladrão, um ícone do mundo dos botecos de Maceió. Carismático, sensível, de um humor criativo imensurável. Esbanjando esses sentimentos, tornou afetivo até o “ladrão” de seu título, adquirido nas peripécias do seu bar.
Ah! Precisa-se, urgente, de um boteco que nos encham os copos e as vontades de viver. Não precisa ser climatizado. Pode ter calor, humano. Inspirar diversões, das mais peculiares. Produzir felicidade, mesmo que transitória, mas, de efeitos duradouros. Alegria, ah! Alegria, esse componente que o boteco transpira e exporta.
Que se transforme em divã de psicólogo, em muitas situações de confidentes que procuram audiências de pessoas dispostas a ouvir e opinar de forma sincera, positiva, contribuindo para caminhos do bem querer.
Resta-nos clamar pela sobrevivência do boteco. Botequeiros, uni-vos! Vida longa ao boteco!
*Texto em homenagem ao Bar do Roberto Ladrão e ao botequeiro Antônio Farias, assíduo frequentador, que completou 84 anos.
1 Comentário
Nesse texto sobre o bar Roberto, faltou uma pessoa muito especial, que já falecido que era conhecido como (Ziza)uma pessoa de um coração imenso.