Não conseguir aprender os conteúdos das aulas e interpretar textos é uma realidade bastante comum. As queixas são antigas e estão presentes no cotidiano das escolas e universidades públicas e particulares de todo o Brasil. Por mais que seja fundamental para o crescimento pessoal e intelectual, muitas pessoas não conseguem manter o foco nos estudos.
Uma pesquisa feita pela startup Piva Educacional revelou que 74,4% dos pais sofrem com a falta de interesse dos filhos pelos estudos e 57,6% já colocaram esses estudantes de castigo por conta disso.
Mesmo com o máximo de dedicação dos professores, existem alunos que não conseguem extrair os significados e decifrar os códigos presentes nos textos. Alguns sequer sabem desenvolver uma boa redação e se frustram por não conseguir alcançar boas notas nas disciplinas escolares. O ensino parece não surtir o efeito desejado. E o problema pode estar justamente aí: no ensino.
É essa a compreensão do pós-doutor em Filosofia da Educação e doutor em Sociologia da Educação, Ciro Bezerra. Segundo os estudos do intelectual, não se aprende pelo ensino, mas, sim, pelos estudos. “A docência não se baseia na transmissão de conhecimento. Na prática isso não funciona. Ninguém consegue transmitir conhecimento para outra pessoa. É preciso ler, escrever, se exercitar por meio do estudo para assim alcançar o conhecimento. É uma técnica que todos podem aplicar e colher os resultados” enfatiza o educador.
Ciro defende que é preciso estudar escrevendo. Registrar tudo. Escrever tudo. Porque é no processo de escrita que são construídas as sinapses mentais, de acordo com a neurociência. Isso garante que o estudante aprendeu os conteúdos. O método adotado pelo educador é o do estudo a partir da leitura imanente. “Esse método inspira-se na filosofia antiga e tem o propósito das pessoas conheceram a si mediadas pelo estudo. O estudo é a possibilidade do ser humano fazer de si uma obra e arte. Então, esse entendimento desfaz a ideia de que estudo está relacionado somente a provas e a concursos. Estudar precisa ser entendido como um modo de vida”, pontua.
O método do estudo imanente é constituído de quatro momentos: o primeiro é o diálogo crítico, que é quando o estudante transforma os autores das leituras em interlocutores para fortalecer a maturidade intelectual; a identificação das categorias textuais é a segundo momento e garante que o estudante enxergue os significados presentes nas palavras chaves do texto. O terceiro momento é a construção e um diário auto etnográfico.
“Quando nós estudamos mexemos com os nossos sentimentos. Nesse momento do diário, o estudante deve descobrir seus limites intelectuais. Tomando consciência disso, o professor vai compreender como os estudantes se sentiram ao estudar determinados conteúdos. Essa observação é parte importante da formação do estudante”, diz Ciro.
Por último vem a interpretação compreensiva. É o momento de apresentar o “eu” dentro do estudo. É a apresentação da ideia compreensiva do estudante. Todo esse processo fortalece as possibilidades intelectuais de qualquer estudante, segundo a proposta do método.
A aplicação do método já tem efeitos práticos positivos na vida de vários estudantes. A professora Edna Cristina Prado, do Centro de Educação da UFAL, diz que alunos dela que foram para grupos de pesquisa do professor Ciro Bezerra e tiveram acesso ao método do estudo imanente melhoraram seus desempenhos. “Vários alunos começaram a mostrar uma diferença considerável nas produções escritas e também na própria oralidade”, destaca a professora.
Livros escritos
Ciro Bezerra é autor de vários livros que aborda a questão do estudo como base fundamental do desenvolvimento humano. As obras, intituladas Sociologia do Trabalho Pedagógico e Formação Humana e Estudo e Virtude, abordam questões referentes ao mundo do trabalho, construção do humano, educação, política, sentimentos, filosofia, amizade, a arte de viver, dentre outros assuntos.
O livro mais recente e que está em fase de lançamento é A Medida Viva do Fogo: Teoria e Método do Estudo Imanente, que enfatiza a relevância do estudo imanente para elevar a excelência da formação, escolar e universitária, dos estudantes e professores, e combater o abandono, o absenteísmo e a evasão escolar.
Fonte: Assessoria