sábado 23 de novembro de 2024

Morre Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca

Dirigente da CBV tem uma longa história de vida dedicada ao esporte

31 de maio de 2023 11:16 por Da Redação

Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca | Reprodução

Morreu, na madrugada desta quarta-feira, 31, o presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), o alagoano Walter Pitombo Laranjeiras, o “Toroca”, aos 89 anos. Ele estava em casa, em Maceió.

Toroca nasceu em Penedo-AL, em 30 de setembro de 1933. Em 1965, casou-se com Dinah Santos Laranjeiras, com quem tem três filhos: Walter Pitombo Laranjeiras Filho, Gustavo Adolpho Santos Laranjeiras e Rossana Léa Laranjeiras Costa da Fonseca.

É bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Alagoas, além de graduado em Economia, Ciências Contábeis, Filosofia e História. Como político, foi eleito vereador em quatro legislaturas, deputado estadual, foi presidente da Câmara Municipal de Maceió e secretário de Esportes da capital alagoana.

O alagoano iniciou a sua longa trajetória como dirigente do esporte nacional em 1960, ao assumir como membro do Conselho Regional do Desporto e torna-se secretário-geral da Confederação Brasileira de Voleibol. Em 1966, é eleito vice-presidente da Confederação Brasileira de Voleibol, onde permanece até 1995. Durante o biênio 1995-1996, preside a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).

Colégio Guido de Fontgalland, Toroca é terceiro em pé, ao lado do padre Teófanes

Participou de três Olimpíadas, duas como supervisor da Seleção Feminina e uma como presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Em 2013, substitui Ary Graça Filho. Em 2016, é eleito para o mandato de 2017 a 2021 como presidente da Confederação Brasileira de Voleibol, tendo sido reeleito em 2021 para o mandato de 2021 a 2025.

A longa trajetória como dirigente esportivo o fez transitar por vários cargos da administração pública e por diretorias de entidades esportivas locais e nacionais. Exerceu o cargo de presidente do Clube de Regatas Brasil (CRB) e do Guarani Futebol Clube, time que, durante décadas, esteve na primeira divisão do futebol alagoano.

Toroca: uma lenda regatiana

Toroca se notabilizou como treinador de voleibol primeiro em Alagoas para, depois, conquistar prestígio nacional. É membro de uma família de regatianos ‒ torcedores e atletas do Clube de Regatas Brasil (CRB). “Foi onde me criei”, costumava repetir em rodas de amigos.

Desde muito jovem, ele colocou os pés nas areias da praia de Pajuçara, que pode ser considerada a sua “pia batismal”, o lugar por ele definido como território sagrado. Foi à beira-mar que se formou como atleta, treinador e dirigente do Galo da Pajuçara.

Reprodução

O CRB é um clube centenário. Tem um histórico de muitos títulos no futebol, no voleibol e nos esportes náuticos. A dedicação da família Laranjeiras à prática esportiva é uma tradição que nasce na década de 40 do século XX. Os irmãos e as irmãs Laranjeiras ‒ Toroca, Eduardo e Bebé, Lea, Márcia e Lia ‒ formavam a base do CRB numa época em que todas as atividades esportivas eram amadoras. O clube vivia das contribuições voluntárias dos sócios e torcedores.

Treinador abnegado

O CRB, comandado por Toroca, organizou excursões com o time de voleibol feminino. A possibilidade de viajar para disputas em outros estados exerceu um verdadeiro fascínio sobre as jogadoras, que se empenhavam nos treinamentos e nos jogos para entrarem na equipe que disputaria os campeonatos nas categorias infantil, juvenil e adulto. Esse diferencial é tido pelas ex-jogadoras como uma pedra de toque criada pelo técnico Toroca.

Sob o comando técnico de Toroca, o CRB é o único time no Brasil a conquistar campeonato regional durante 50 anos consecutivos. Toroca formou gerações de atletas, muitas delas se consagraram nacionalmente, jogando na Seleção Brasileira e em grandes clubes brasileiros e do exterior.

Toroca com outros técnicos durante curso de formação

Visão de futuro

Percebendo que estava desviando o foco da sua atividade principal ‒ o voleibol ‒, em 20 de agosto de 1979 funda, com outros dirigentes, a Federação Alagoana de Voleibol (FAV). sendo o primeiro presidente da entidade. A partir desse momento, cada uma das modalidades passa a ter a sua federação. Isso aconteceu com o basquete, o futebol de salão, o atletismo e as demais modalidades.

Em se tratando de Toroca…

Ao analisar a longa trajetória de Toroca, o ex-jogador de voleibol Geraldo Lessa afirma que seu nome se confunde com a história do voleibol alagoano. Nenhum voleibolista vivo, no Brasil, tem tantos anos dedicados à modalidade.

Toroca foi um bom e dedicado atleta, levantador de posição e inteligente de vocação. Aprendeu, desde sempre, a entender o funcionamento e a dinâmica do jogo, o valor individual e coletivo nas ações e execuções dos fundamentos.

Disciplinado e aglutinador, soube formar equipes vencedoras. Longevo para sua geração, jogou até quase quarenta anos. Já nessa época, se revezava no papel de jogador e treinador, função que o tornou reconhecido no Brasil.

Como técnico, consagrou práticas e valores que se perpetuaram como receita para forjar equipes competitivas e habilitadas a vencer: o valor do trabalho de formação do atleta, da equipe e, não menos importante, a valorização e orgulho pelo desempenho e pelas almejadas vitórias.

Em um estado pequeno como Alagoas, com poucos recursos básicos, mas com muito amor ao vôlei, trabalhou produzindo e formando atletas, dirigindo e atuando para sedimentar uma filosofia em que o modelo de jogo favorecesse as características físicas e culturais (coragem) de suas jogadoras.

Maximizar o sistema de defesa para ganhar volume de jogo, permitindo nos contra-ataques pontuação, foi uma das suas marcas, na qual mantinha o equilíbrio nas disputas (técnica e fisicamente) desfavoráveis em vitórias consagradoras em âmbito regional e nacional.

Reprodução

Dirigente, por amor e vocação, costurou com rara habilidade política e profundo conhecimento dos problemas federativos e respeito às características regionais, uma força política coletiva e foi ungido por outros colegas dirigentes e coirmãs para liderar processo reivindicatório junto à Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e outras instituições públicas e privadas. Assumiu uma liderança regional e posteriormente nacional na defesa do desenvolvimento técnico e financeiro das Federações e da Confederação.

Na Confederação há mais de quatro décadas, primeiro como vice-presidente do Nuzman, assumiu a Presidência por um curto período. Em seguida, valorizando o entendimento nacional formulado por ele e o ex-presidente Nuzman, trouxe o ex-atleta e empresário bem-sucedido Ary Graça para o cargo máximo da entidade, propiciando uma gestão exemplar técnico-financeira que elevou o voleibol brasileiro ao topo do ranking internacional entre todas as Confederações Olímpicas.

Seleção Alagoana de 1965

Em 2013/2014, Walter Pitombo Laranjeiras assumiu a Presidência da CBV e, desde então, foi sempre reconduzido nos sufrágios com unanimidade e ampla maioria. Ao longo desses anos, esse personagem histórico, exitoso em todas as funções exercidas, testemunhou as passagens e transições técnicas em que o Brasil figurava sem expressão internacional até a década de 1970, para o Brasil que ele ajudou a construir, vitorioso, primeiro no ranking mundial por mais de duas décadas. Respaldado e competitivo também no campo financeiro, permitiu um nível de profissionalismo em toda a cadeia produtiva do vôlei com reconhecida excelência.

Napoleão BArbosa, Carlos Guido Lobo, Toroca e Antônio Calçada presidente da CBV

Para concluir, sua democrática e inovadora presidência revolucionou o modelo de escolha na direção da entidade (CBV), ampliando o acesso e dando direito a voto além das Federações, os Clubes, atletas, entre outros segmentos da modalidade, fortalecendo o processo de escolha representativa, ganhando em legitimidade participativa.

Assim, na difícil tarefa de dimensionar esse notável contemporâneo personagem alagoano, eu diria: ele é, sem dúvida, uma das maiores referências do vitorioso voleibol nacional.

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