quinta-feira 5 de dezembro de 2024

Saúde reforça importância da testagem do HIV

Detectar, prevenir e cuidar do HIV é fundamental para evitar complicações clínicas e até mesmo óbitos

12 de junho de 2023 12:06 por Redação

Testagem para HIV é oferecida diariamente nas unidades de saúde. Foto: Victor Vercant/Secom Maceió

A testagem do vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), na sigla em inglês, desempenha um papel crucial na detecção, prevenção e cuidado com a doença. A Secretaria de Saúde de Maceió (SMS) possui em sua rede uma frente de trabalho atuante e contínua sobre essa doença. Os avanços na testagem e no tratamento têm sido fundamentais para combater o número de casos ao longo dos anos. 

No entanto, a doença ainda é estigmatizada e em 2022 registou 371 casos confirmados de HIV, 166 casos de Aids e 86 óbitos, e no presente ano, até então, já foram confirmados 139 casos de HIV, 54 Aids e 31 óbitos, conforme registra a gerência de Vigilância das Doenças e Agravos Transmissíveis e Não Transmissíveis da SMS. 

A testagem do HIV é o primeiro passo para identificar a presença do vírus no organismo. O HIV pode permanecer assintomático por um longo período, o que significa que muitas pessoas podem estar infectadas sem saber.

A testagem regular é essencial para diagnosticar o HIV precocemente e iniciar o tratamento o mais cedo possível. Quanto mais cedo a infecção for detectada, maior a probabilidade de melhores resultados e êxito no tratamento. 

A médica infectologista do Pam Salgadinho, Mardjane Lemos, concedeu uma entrevista para elucidar dúvidas que são comuns em relação à doença, ressaltando a importância de que todo indivíduo com vida sexualmente ativa realize uma vez por ano a testagem, mesmo sem presença de sintoma. 

Ascom SMS – Qual a preocupação atual da infectologia em relação ao HIV?

Mardjane – Nossa preocupação hoje é o diagnóstico tardio do HIV, embora seja uma doença que tenha medicamentos extremamente eficazes, que permitam uma qualidade de vida muito boa, que a pessoa tenha uma vida saudável, que envelheça, que tenha filhos, que tenha parto normal mesmo com HIV. Apesar disso, a gente tem um cenário de adoecimentos e óbitos semelhantes ao período que antecedeu o início desses tratamentos mais eficazes, porque as pessoas não se testam, essa ausência da testagem acaba gerando um diagnóstico muito tardio.

Ascom SMS – O que tem sido verificado em sua rotina de atendimentos sobre a doença? 

Mardjane – Como também trabalho no Hospital Escola Helvio Auto, comecei a fazer uma revisão recente dos casos que evoluíram para óbito e observei que mais da metade das pessoas que deram entrada na internação e foram diagnosticadas com HIV, acabaram morrendo naquela internação, sem sequer ter tido a oportunidade de iniciar o tratamento. Ou seja, são pessoas que chegaram em um estágio tardio, em que a doença já era irreversível. 

Então, ao mesmo tempo que a gente tenta passar uma mensagem de que o HIV você não precisa ter medo, que é importante se tratar e se cuidar a gente precisa também mostrar que ainda se morre por ele, mas se morre pelo preconceito,  porque as pessoas não se enxergam como vulneráveis porque acham ainda que só contrai HIV quem é homossexual, quem tem múltiplos parceiros, quem não usa camisinha sistematicamente. Então é muito importante a gente falar da vulnerabilidade.

Ascom SMS – Qual a recomendação para realizar a testagem do HIV?

Mardjane – Qualquer pessoa que já iniciou a vida sexual,  ela é vulnerável a contrair qualquer infecção sexualmente transmissível e dentre elas o HIV. E que hoje não fala mais de grupo de risco. Não existe nenhuma população específica, o HIV ocorre em qualquer idade, em qualquer qualquer gênero e qualquer tipo de relacionamento sexual. As pessoas morrem também muito cedo.

Então isso é uma coisa que me chamou muita atenção porque por não se perceberem como vulneráveis e por ser uma população que não costuma demandar cuidados com a saúde, então uma pessoa com 20, 25 anos não costuma ir ao médico para fazer controle de pressão arterial, de diabetes. Essas pessoas não frequentam unidades de saúde e elas acabam não fazendo uso do serviço de testagem nas unidades de saúde. Elas não buscam espontaneamente. E acaba sendo uma população que contrai, que se infecta, que não tem oportunidade de diagnóstico por não se enxergar como vulnerável. E como possível infectado pode vir a adoecer se não se tratar. 

Ascom SMS – Ao descobrir que é portador do vírus HIV, o que deve ser feito? 

Mardjane – Uma vez que a pessoa se descubra diagnosticada com HIV, as medicações precisam ser iniciadas o mais rápido possível. Em no máximo 30 dias após o diagnóstico. O tratamento é importante para preservar a saúde da pessoa, porque uma vez que você inicia a medicação, o vírus não se replica mais e se você já teve queda da imunidade, a imunidade vai se recuperar. Caso você não tenha tido ainda, a medicação vai permitir que você continue saudável. Mas,  além disso, a medicação impede que você transmita o HIV para outras pessoas, ela baixa a carga viral e isso permite que a pessoa inclusive faça planejamento de ter filhos. Porque é possível liberar o uso do preservativo desde que a pessoa esteja indetectável.

Ascom SMS – Quais são as recomendações de prevenção? 

Mardjane – Continuamos sempre recomendado o uso de preservativo, pois ainda é a medida mais eficaz, porque além de prevenir contra o HIV previne contra as outras infecções sexualmente transmissíveis, além de prevenir a gravidez não planejada. Mas, existem outras estratégias de prevenção do HIV.  

Uma vez que a pessoa deixe de usar preservativo, a gente diz que a melhor prevenção é aquela que funciona para pessoa, a que dá certo para pessoa.  Tem algumas pessoas que não se sentem confortáveis de usar preservativo ou que não sentem prazer ou têm algum bloqueio ao uso do preservativo. 

A gente vai continuar trabalhando com ela a importância de inseir o preservativo na prática sexual segura, porém a gente vai ofertar outras estratégias de prevenção. Quando trabalhamos o HIV, trabalhamos no contexto da prevenção combinada, não só com o uso do preservativo, mas também de medicações preventivas, como a Profilaxia Pré-exposição.

Fonte: Prefeitura de Maceió/Ascom

 

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